quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Marrakesh: experiência ímpar para explorar a cultura marroquina e islâmica


Por mais diferenças que existam entre a Europa e o Brasil (e são muitas), ambos os lugares acabam sendo semelhantes se colocarmos na comparação certos países da África ou Ásia, por exemplo. No caso deste post, me refiro ao Marrocos, sem dúvida o país culturalmente mais diferente que conheci até hoje. Deserto, camelos, encantadores de cobra, mulheres com burca, religião islâmica, muçulmanos, proibição ao álcool, Ramadã, árabes e muitas outras coisas até certo ponto inimagináveis na nossa realidade eu pude presenciar nesse país no noroeste da África.
Em setembro de 2009, fiquei sete dias por lá. Viajamos em nove amigos: eu, João, Alex, Paraíba, Camila, Maísa, Suelen, Rívia e Carol. Pela curiosidade de ser um destino diferente e por ser um país muito barato de se visitar, recomendo bastante a viagem. Como já contei em post anterior, ainda perdemos o voo de ida em Londres e fizemos uma parada extra de um dia em Barcelona. Por causa disso, acabei não indo para Fez, mas conhecemos as cidades de Marrakesh e Essaouira, além do tour pelo deserto do Saara, nas dunas de Merzouga, e uma passagem em Ait-Ben-Haddou. Antes do embarque, juro que tentei pesquisar informações melhores pela internet ou com amigos que já tinham ido, e até fazer reservas de hotel, transporte para o deserto e coisas do tipo. Mas não foi fácil, Marrocos ainda está muito longe de ter esse tipo de desenvolvimento. O jeito foi chegar lá e tentar tudo na raça.

Chegamos de avião terça-feira no início da tarde e pegamos um ônibus até o centro. Até aí, tudo normal: o aeroporto de Marrakesh é bom e o busão também (a excessão ficou por conta do tiozinho da imigração que demorou três horas e meia pra acertar as letras no teclado de um PC 386, que era praticamente uma máquina de escrever). Foi chegando à Medina (o centro histórico) que a nossa saga começou. Precisávamos achar hotel, pousada, hostel ou qualquer lugar pra ficar, e a única indicação que eu tinha foi por água abaixo (ou por terra abaixo, no caso) naquele labirinto de ruazinhas e casinhas marrons. Ao pisar na praça central, a Djemaa el Fna, nós turistas somos praticamente atacados pelos marroquinos que oferecem de tudo. Naquela ocasião, o que nos interessava era acomodação. A desconfiança era grande, mas não tínhamos muita alternativa. A bizarra figura que nos atendeu falava um inglês tosco (vale lembrar que a língua oficial é o árabe, mas quase todos falam francês devido à colonização) e nos fez caminhar uns 10 minutos pelas vielas até chegar ao destino: o Riad Amallah. O caminho até o local era sinistro, mas a parte interna da pousada era bem simpática. Cansados e sob um calor absurdo, não tivemos paciência para procurar outro lugar, ficamos por ali mesmo. Aí era o momento de negociar o preço da estadia. E vai uma grande lição do Marrocos: pechinche sempre, e muito. A diária que inicialmente o cara queria cobrar 50 euros para cada pessoa, saiu por apenas 5 euros. É sério, 10% do valor inicial. Claro, e o cara que nos levou até a pousada ainda cobrou uns trocados pela indicação.

Tivemos metade da terça e quarta-feira inteira para conhecer Marrakesh. A praça Djemaa el Fna é o ponto central para tudo. Lá, você vê barracas vendendo diversos tipos de comidas, ervas, sementes, encantadores de cobra, macacos adestrados, videntes que leem mão, músicos e várias outras bizarrices. No meio de tudo isso, circulam turistas, mochileiros, mulheres locais com burca, senhores muçulmanos com sua vestimentas típicas, além de crianças correndo, carros, motos, bicicletas. Tudo isso dividindo o mesmo espaço. É uma bagunça só. O começo da noite é quando a praça fica mais lotada, e vale a pena sentar em uma das barraquinhas e experimentar alguma das variedades de comidas oferecidas.
Outra atração principal é a Mesquita da Koutoubia, templo onde milhares de muçulmanos rezam em grandes celebrações em determinados horários. Destaque para a alta torre da construção, visível de diversos pontos da cidade. É possível visitar quase todos os lugares de interesse a pé, mas vale a pena contratar algum guia que fica nas ruas e pode te explicar melhor a história. Sempre, claro, pechinchando o preço, o roteiro e o tempo de duração, e tomando cuidado para não ser enrolado pelos larápios marroquinos. Pontos como a Medersa Bem Youssef, o Palácio El Badi, o Palácio El Bahia, o Museu de Artes Marroquinas e o Jardim de Menara estão na rota da maioria dos guias.
Um passeio interessante que fizemos foi a um curtume, local onde o couro é fabricado. Para se chegar lá, basta pegar um táxi e rodar uns 15 minutos para fora do centro. Você pode conhecer o processo desde a retirada da pele do animal até o material ser transformado em uma bolsa, em um trabalho todo feito artesanalmente. O mau cheiro do lugar é insuportável, e os visitantes recebem folhas de hortelã para cheirar durante o percurso. Para clarear um pouco a imaginação de quemnão se lembra, a novela global “O Clone” teve várias cenas gravadas em um curtume. Lembra daqueles vários círculos com líquidos coloridos?

Apesar da precariedade e da pobreza de grande parte da cidade, há um contraste social muito grande. Fora da Medina, existem luxuosos hotéis, prédios modernos, moradores cheios da grana e uma infra-estrutura muito boa. Não chegamos a conhecer, mas até a famosa balada Pachá tem a sua filial por lá.
Depois de conhecer Marrakesh e o deserto do Saara (ponto alto da viagem, que será contado com detalhes no próximo post), passamos um dia inteiro em Essaouira. A cidade litorânea fica a 3 horas e meia de Marrakesh, e fizemos o trajeto em uma van com o mesmo motorista que nos levou ao deserto. Também existe a possibilidade de ir de ônibus, mas como estávamos em nove pessoas, a van compensou. Essaouira é um agradável lugar praiano (é verdade que a praia está longe de ser uma grande beleza natural), sem perder as características da tradição marroquina dentro da Medina, com construções e vielas típicas. O mercado de peixe perto do porto, a praça central com bares e restaurantes, as muralhas e o forte à beira mar são a principais atrações turísticas.

Após todos esses lugares visitados no Marrocos, talvez o que tenha ficado mais marcado, bem mais do que construções ou monumentos, foi a cultura desse povo. Principalmente, por ter sido na época do Ramadã, período de renovação da fé dos muçulmanos. Durante 60 dias, eles ficam em jejum de qualquer comida e bebida do nascer até o pôr do sol, sem poderem colocar absolutamente nada na boca, nem mesmo água. É difícil imaginar o cidadão sob um calor de mais de 40 graus impedido de tomar um copo d`água. Pois é. Vi isso de perto. Das 4h30 da manhã às 7h05 da noite, no caso, jejum total. Quando o sino da Mesquita tocava todos os dias exatamente às 19h05, os fiéis partiam desesperadamente para a sagrada refeição. Boa parte do comércio fechava até que todos pudessem se alimentar e depois rezar nos diversos templos islâmicos espalhados pela cidade.
Interessante, muito interessante a experiência vivida. Inesquecível. No próximo post, escreverei sobre a excursão ao deserto do Saara, além de outras curiosidades tradicionais do Marrocos...

Legendas: 1) A praça central Djemaa el Fna - 2) Mesquita da Koutoubia - 3) Ruas estreitas da Medina de Marrakesh - 4) Riad Amallah, simpática pousada onde nos hospedamos - 5) Essaouira, cidade litorânea

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Liverpool: The Beatles, futebol e um pouco da tradicional identidade britânica


Qualquer outra cidade da Inglaterra tem uma atmosfera com identidade mais britânica do que Londres, a cosmopolita capital que reúne pessoas, lugares e culturas de todos os cantos do mundo (e para mim isso não é um ponto negativo, pelo contrário, acho Londres incomparável). No entanto, não são todas que realmente merecem uma visita. São poucas, aliás, que oferecem uma diversidade de atrações sem perder a essência das características britânicas. Gosta de futebol? Gosta de boa música? Gosta de cerveja em um tradicional pub? Gosta de conversar com pessoas simpáticas? Quer conhecer mais a fundo a Inglaterra? Vá pra Liverpool, a cidade que reúne tudo isso. Mas, talvez seja mais fácil resumir tudo isso em uma só palavra: “The Beatles”. Praticamente tudo por lá gira em torno da famosa banda de rock. Pessoalmente, eu acrescentaria outra atração imperdível: o estádio de Anfield Road.

Fui a Liverpool quatro vezes, entre 2008 e 2009, ficando entre um e dois dias por lá em cada uma dessas passagens. Em três delas, fui a trabalho para jogos do Liverpool, escrevendo matérias para o site da “Placar”. Na outra, exclusivamente para turismo com os amigos Paulinho, Pri e Mônica. Dois dias são suficientes para conhecer a cidade e tudo que ela proporciona. Partindo de Londres, a maneira mais econômica é viajar de ônibus, que custa cerca de 10 pounds cada trecho e demora 5 horas e meia. O melhor jeito é ir de trem, apenas 2 horas e meia de viagem, mas também sai mais caro, uns 30 pounds (Claro que isso depende de vários fatores como: comprar com antecedência, dia da semana, horário,...). Também já fui de carro, que acaba valendo a pena se você estiver com mais gente para rachar o aluguel e o combustível. Existe a possibilidade de ir de avião, mas acho que o preço e o tempo gasto com o deslocamento até o aeroporto, embarque, espera não compensam.
As principais atrações são facilmente acessíveis a pé. As exceções são o estádio de Anfield Road, mas basta pegar um ônibus que demora uns 15min, e caso você queira fazer o tour que te leva na casa, escola onde cada integrante dos Beatles viveu, além de lugares que inspiraram músicas como Penny Lane e Strawberry Fields. Existem duas boas opções centrais de hostel, como YHA e o Hatter`s, pela média de 15 pounds a diária.

Como eu disse, quase tudo na cidade gira em torno da banda de rock formada por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Então, nada melhor do que começar o tour pelo Cavern Club, o local onde os Beatles iniciaram a carreira musical, em 1961. O club original foi demolido em 1973, mas reconstruído e reaberto em 1984. O novo Cavern está localizado a apenas alguns metros do antigo, no subterrâneo da Mathew Street, foi reerguido usando boa parte dos tijolos originais e tem apenas algumas mudanças no projeto. A essência dos Beatles continua lá, vale muito tomar uma pint, sentir o clima e, principalmente, assistir a um show da banda cover, que se apresenta às quintas-feiras. Vale citar que do outro lado da estreita ruazinha existe o Cavern Pub, um genérico que segue a mesma linha. Ali mesmo na região chamada de Cavern Quarter encontram-se a estátua de John Lennon, outros pubs tradicionais, o hotel dos Beatles e uma loja de souvenirs interessantíssima para quem quiser comprar lembranças da banda.

O outro pólo de atrações de Liverpool fica na costa, próximo ao porto, mais especificamente concentrado na Albert Dock. O complexo, que abrigava docas e armazéns, hoje conta com restaurantes, bares, museus e recebe inúmeros turistas. Lá fica o “The Beatles Story Exhibition”, imperdível museu da banda de rock. Por 13 pounds e em cerca de duas horas, a história dos Beatles é contada de uma forma envolvente, com vídeos, sons, instrumentos e objetos históricos, bem longe da chatice de muitos museus. Interessante para quem já sabe da trajetória de John, Paul, George e Ringo, e atraente também para quem quer conhecer.
Outro lugar que vale a pena visitar é o Museu Marítimo, onde estão expostos vários objetos retirados do fundo do mar após o naufrágio do Titanic. O navio nunca esteve na cidade (foi construído em Belfast e partiu de Southampton), mas foi registrado e tem a bandeira de Liverpool. Menos concorridos, mas também na rota de alguns turistas estão locais como: Tate Museum, St. Georges Hall, Lime Street, Catedral, Radio City Tower, Lime Street, Royal Liver Building, Town Hall.
Vale dizer que a cidade não é das dez mais agitadas do mundo durante os dias de semana. O comércio fecha cedo, são poucas as opções noturnas e as ruas ficam meio que desertas à noite. Isso, claro, muda nos finais de semana, quando bares e baladas enchem e são uma boa pedida para conhecer um ambiente mais inglês, com poucos turistas.

Deixei pro final a outra atração obrigatória da cidade, depois dos Beatles. O estádio de Anfield Road, casa do Liverpool FC. A torcida dos caras é simplesmente sensacional. Acho que o vídeo abaixo pode ilustrar melhor isso. Incomparável a vibração deles com qualquer outra torcida que eu tenha visto na Europa. É de arrepiar quando o estádio inteiro canta a música-hino “You`ll never walk alone”. Assisti a três partidas dos Reds lá, todas pela Champions League (1 x 1 Chelsea, pelas semifinais de 2008; 4 x 0 Real Madrid, pelas oitavas de 2009; e 1 x 3 Chelsea, pelas quartas de 2009). Bem na frente do estádio ainda há um pub onde os torcedores se reúnem e fazem a festa antes dos jogos.
Pra quem gosta de Beatles e futebol, é muito fácil dizer que Liverpool será uma cidade inesquecível. Mas tenho certeza que, após visitar a cidade do condado de Merseyside, mesmo quem não gosta vai passar a apreciar a banda de rock e o esporte. Liverpool deixa esse legado no visitante.


Legendas: 1)Entrada do Cavern Club - 2)Interior e palco do Cavern Club - 3) Entrada do museu dos Beatles - 4) Costa de Liverpool, com Albert Dock (à esq) - 5) Estádio de Anfield Road - 6)Vídeo da torcida do Liverpool cantando "You`ll never walk alone", antes de jogo contra o Chelsea, em 2009 - 7)Vídeo de torcida do Liverpool em um pub cantando música para Fernando Torres

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Gênios do tênis, Federer e Nadal demonstram postura de ídolos fora das quadras


Depois de alguns posts sobre turismo, vou fazer um aqui novamente sobre jornalismo. O assunto é tênis, o segundo esporte de minha preferência, obviamente depois do futebol. E falando do tênis atual, o nome de dois monstros das raquetes rapidamente vem à cabeça: Federer e Nadal. É principalmente sobre eles que vou escrever. Dois jogadores que dentro da quadras possuem características distintas, mas fora delas têm uma postura bem semelhante, de humildade, respeito, educação, exemplo, verdadeiros ídolos do esporte. Estou longe de ser um especialista no tênis, mas vou dar as minhas impressões.
Entre 22 e 29 de novembro de 2009, fiz a cobertura do ATP World Tour Finals, em Londres, para o diário “Lance”. O torneio reuniu os oito melhores tenistas do ano: Roger Federer (SUI), Rafael Nadal (ESP), Novak Djokovic (SER), Andy Murray (GBR), Juan Martín Del Potro (ARG), Nikolay Davydenko (RUS), Fernando Verdasco (ESP) e Robin Soderling (SUE).

Antes desse torneio, eu já tinha ido a Roland Garros e Wimbledon, mas foi no ATP Finals que pude observar mais de perto o comportamento dessas estrelas e tudo o que envolve um evento grandioso como esse. Ao contrário dos Grand Slams, que são disputados em grandes clubes com diversas quadras e jogos ao mesmo tempo, o último torneio da temporada concentra-se apenas em um local, onde as atenções estão completamente focadas em um só ponto.
O contato com os principais tenistas do mundo, principalmente com Federer e Nadal, não é fácil nem mesmo para a imprensa. Porém, é possível. Depois de todas as partidas, as entrevistas coletivas são o momento ideal para observar melhor a postura dessas estrelas, e o momento onde eu pude fazer as perguntas que interessavam para as minhas matérias. Tenho que destacar a atitude e até o bom humor de todos os atletas, mas especialmente do suíço e do espanhol, então números um e dois do mundo.

Federer perdeu para Davydenko na semifinal, mesmo assim terminou o ano no topo do ranking mundial pela quinta vez consecutiva. É impressionante a idolatria dos torcedores por ele. Mesmo quando enfrentou o britânico Murray, que jogou em casa, o suíço teve maioria da torcida a seu favor. A cada parada de bola, gritos de “allez Roger” ecoavam nas arquibancadas da O2 Arena. Pessoas de todas as partes do mundo adoram Federer. Inclusive, fiz uma matéria de ambiente com dois brasileiros, que tinham viajado para Londres só para vê-lo jogar. Descontraído e atencioso no contato com os jornalistas, apesar de todos os cuidados que cercam uma celebridade, Federer demonstrou a postura de um verdadeiro campeão.
Nadal e os incentivos da torcida de “vamos Rafa” não ficam muito atrás. Apesar de ter sido eliminado na primeira fase com três derrotas, o espanhol mostrou espírito esportivo. Respondeu pacientemente a todas as perguntas, reconheceu a má fase, elogiou os adversários e fez brincadeiras quando preciso. Antes de falar em castelhano, Nadal ainda tem que responder vários questionamentos em inglês, língua que está longe de dominar. Tenho que confessar que é engraçado ver o esforço do espanhol em falar a língua inglesa, ele mesmo acaba tirando sarro de si próprio quando se enrola nas respostas.

Se não foi possível fazer uma entrevista exclusiva com Federer ou Nadal (missão bem complicada), valeu bastante pela proximidade com os astros durante as conferências de imprensa. E, principalmente, nas mesas redondas organizadas pela ATP um dia antes do início do campeonato. O evento no hotel Marriot, onde os atletas estavam hospedados, reuniu apenas jornalistas credenciados. Lá, em duas rodadas de cerca de trinta minutos, quatro tenistas por vez ficaram à disposição para perguntas. Os dois primeiros do ranking eram os mais assediados, mas foi perfeitamente possível encaixar uma ou outra pergunta.
Nesse momento, mudei minha estratégia e acabei conseguindo uma pauta interessante. Enquanto a maioria urubuzava em cima de Nadal e Federer, decidi me focar onde eu teria mais tempo e espaço para fazer meus questionamentos. Conversei com os assessores e acabei conseguindo exclusivas com o argentino Del Potro (5º do ranking na época) e depois com o espanhol Verdasco (8º). As entrevistas foram rápidas, entre 5min e 10min cada uma delas, mas suficiente para ambos falarem bastante sobre o tênis brasileiro e trabalho de base, pauta que me interessava e que foi publicada pelo “Lance”.
A experiência na cobertura do ATP Finals de tênis foi bem diferente da que eu havia feito no Mundial de Ginástica, por exemplo. O acesso direto aos ginastas era muito mais fácil do que aos tenistas, já que Federer, Nadal e companhia têm uma exposição e uma idolatria muito mais forte. Mesmo assim, foi possível conseguir um material jornalístico bem interessante, em minha opinião.

Falando especificamente sobre as partidas, acho que não preciso nem escrever muito sobre a sensacional oportunidade de assistir a essas feras em quadra. Eram dois jogos por dia de simples e mais dois de duplas. Ora era Nadal x Djokovic, ora era Federer x Murray, ou seja, só duelos de primeira qualidade. Isso sem falar no show de organização e produção do evento, com luzes, música. Uma estrutura realmente de primeira linha. No final, o russo Davydenko acabou surpreendendo e foi campeão do torneio, batendo Del Potro na decisão, por 2 sets a 0 (6/3 e 6/4). Título merecido pelo que apresentou naquela semana.
Por mais três anos, até 2012, o ATP Finals continuará sendo disputado em Londres. Como eu não estou mais morando por lá, vou ficar só na vontade este ano. Mas, quem sabe muitos outros ainda não virão pela frente...

Legendas: 1) Quadra do ATP Finals, na O2 Arena, em Londres - 2) Federer, Nadal e Murray na apresentação oficial do torneio - 3)Nadal em mesa redonda de entrevista com os jornalistas - 4)Federer em ação - 5) Davydenko com a taça de campeão - 6) Vídeo durante vitória de Djokovic sobre Nadal, por 2 sets a 0 (7/6 e 6/3)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Barcelona: orgulho catalão, obras de Gaudí e praias conquistam os turistas


Barcelona costuma ser uma das cidades favoritas da maioria dos turistas. E não é para menos. O clima e o ambiente de uma cidade litorânea, especialmente no verão, são contagiantes. Mas além das praias e de muita diversão, você pode encontrar por lá diversos museus, parques e prédios com uma arquitetura particular. E tenha um nome sempre da cabeça: Antoni Gaudí. Referência do modernismo catalão, o arquiteto é responsável pela maioria das belezas de Barcelona. Mas não é só isso. A cidade desenvolveu-se bastante com as Olimpíadas de 1992. Sem falar no orgulho do povo da Catalunha, uma das características marcantes da cidade. Nas ruas e nas conversas, o catalão é a língua mais utilizada pelos moradores (claro que no contato com os viajantes eles falam espanhol).

Fui a BCN duas vezes. Na primeira, fiquei por lá 4 dias em dezembro de 2008, na mesma viagem em que estive em Madri. Na segunda, fiquei apenas 1 dia em setembro de 2009, quando fui parar lá meio que por acaso após perder um voo para Marrocos (como já contei em post anterior nesse blog). Apesar de ser menor do que Madri, Barcelona é uma cidade que exige mais tempo para se conhecer. Há uma diversidade maior de atrações, além de os pontos de interesse serem mais espalhados. Com isso, no mínimo três dias por lá são recomendáveis. Chegando de avião, há dois aeroportos bastante utilizados. O aeroporto internacional de Barcelona não é longe e é facilmente ligado ao centro da cidade por um trem. Já o outro, onde chega a maioria dos vôos das companhias low-cost (Ryanair, Easyjet), fica na cidade vizinha de Girona, e é preciso pegar um ônibus e viajar cerca de 1 hora até o centro. Para se locomover na cidade, a melhor opção é usar as várias linhas de metrô disponíveis.
A mais famosa e imponente atração é a Sagrada Família, um templo católico que teve a sua construção iniciada em 1882 e ainda não está concluído. Obra de Gaudí, claro. Os detalhes na fachada impressionam e a altura das torres também. O lado interno é um canteiro de obras, bem menos interessante do que o externo. Mas, para quem pagar 10 euros para entrar e não quiser ver apenas operários trabalhando, vale subir na torre de onde se tem uma bela vista panorâmica da cidade. Seguindo nas construções de Gaudí, as linhas curvas de La Pedrera e o Palau Güell também devem ser visitados.

Outro lugar imperdível criado pelo arquiteto catalão é o Parque Güell, que fica um pouco afastado do centro, mas pode-se chegar próximo de metrô (estação Vallcarca), depois é só subir algumas escadas rolantes no meio da rua. O parque apresenta uma curiosa mistura da tradicional arquitetura de Gaudí com a natureza. Destaque para o banco-varanda, formado por vários pedaços de azulejos quebrados.
Na parte mais central da cidade, várias atrações podem ser atingidas a pé. Las Ramblas, a principal rua da cidade, é um calçadão que liga o porto (onde há um monumento com uma estátua de Cristóvão Colombo, o descobridor das Américas) até a Praça da Catalunha. Ao longo dela, vários bares, restaurantes, vendedores e artistas de rua. Nas travessas, atrações como o Mercado de La Boquería e a Praça Real. Ali perto, o Bairro Gótico, com o seu labirinto de ruas estreitas, a Catedral, a Prefeitura, o Museu Picasso e a Igreja de Santa Maria Del Mar. Um pouco mais ao leste, o Parque de La Ciutadella.

Mas talvez o passeio mais agradável seja a caminhada que se estende do porto até a praia de Barceloneta. No verão, esse trajeto está repleto de descontraídos turistas aproveitando o clima agradável. Vale uma passada no shopping do porto e, claro, vale gastar um bom tempo em Barceloneta. Durante o dia, praia, sol, cerveja, top-less e tudo aquilo que o verão europeu de melhor nos proporciona. À noite, diversos bares e baladas agitam o local. Um pouco depois dali, também vale destacar o Porto Olímpico, região que foi revitalizada com os Jogos Olímpicos e hoje conta com bons bares e restaurantes.
E ainda não acabaram os pontos turísticos de Barcelona. O morro de Montjuic e proximidades apresentam ainda mais atrações. Por ali, ficam o estádio Olímpico, o Museu Olímpico, o castelo e o teleférico de Montjuic, o Museu Nacional de Arte da Catalunha, a Fundação Juan Miró e a Praça de Espanha com as fontes luminosas (em determinados dias à noite rola um bonito espetáculo de águas e luzes).

Ainda existem outras atrações para gostos específicos. Assim como boa parte das cidades espanholas, Barcelona também tem uma arena para touradas, a Praça Monumental, que funciona apenas durante a temporada de verão (vale citar que existem muitos que desaprovam e fazem protestos contra as touradas, especialmente em BCN). No entanto, muito mais interessante e do agrado da maioria é o estádio de futebol Camp Nou. Assisti lá o clássico Barcelona x Real Madrid (2 a 0 pro Barça com gols de Messi e Eto`o), em dezembro de 2008, quando fiz uma matéria para a revista “Placar”. O estádio já é sensacional, em um jogo desses ainda, foi uma experiência irada.
Para finalizar, uma dica básica para evitar micos e aproveitar da melhor forma possível a estada em Barcelona. Como em qualquer lugar do mundo que recebe muitos turistas, a cidade catalã está cheia de bares e restaurantes pega-turista-trouxa. Fuja deles! Coma uma tradicional paella espanhola, mas nunca as terríveis paellas congeladas pré-prontas (de marcas como El Paellador) vendidas em diversos locais. Prefira gastar um pouco mais e comer um prato decente. O mesmo bom senso vale na hora de escolher bares e baladas durante a noite.
Como pode ser observado, há bastante coisa para se curtir por lá. Não importa se você gosta mais de Gaudí, de paella, do Camp Nou ou da badalada Barceloneta, Barcelona encanta quem a conhece. Até hoje, não conheci ninguém que tenha falado mal ou mesmo mais ou menos da cidade. BCN, de fato, é contagiante.

Legendas: 1) Sagrada Família - 2) Parque Güell - 3) Porto no final de Las Ramblas - 4) Praia de Barceloneta - 5) Estádio Camp Nou, pouco antes de Barcelona x Real Madrid

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Madri: a vibrante metrópole espanhola muito além dos pontos turísticos


Antes dos outros posts sobre as viagens de verão, vou escrever sobre as duas principais cidades espanholas e suas peculiaridades. Madri e Barcelona possuem encantos distintos, que agradam a gostos diversos. Visitando as duas, você pode dizer que conhece a essência da Espanha, mas, principalmente, pode dizer que conhece as diferenças entre dois povos que dividem o mesmo país, deixando claro a rivalidade entre os nacionalismos espanhol e catalão.
Deixando a parte política de lado e guardadas as devidas proporções, podemos comparar as duas cidades dizendo que Madri é São Paulo, enquanto Barcelona é o Rio de Janeiro. Nesse primeiro post, vou falar sobre a vibrante capital espanhola, uma das minhas cidades preferidas. Depois de Londres, Madri provavelmente seria a cidade que eu escolheria para morar. Ao contrário da maioria das pessoas que eu converso, prefiro Madri do que a sua concorrente (e olha que Barcelona é sensacional também). Os motivos serão explicados no decorrer do texto.

Estive duas vezes na capital espanhola. Na primeira vez, fiquei 6 dias por lá junto com o amigo e jornalista Alexandre Coutinho, em dezembro de 2008. Depois, mais 4 dias em maio de 2010, junto com o também amigo e jornalista Felipe Rocha, durante a cobertura da final da Champions League (ainda escreverei um post específico sobre os bastidores desse jogo). Foram duas viagens diferentes, uma em pleno inverno e tendo o turismo como prioridade, a outra no verão e mais focada no trabalho. Mas, definitivamente, as duas foram muito bem aproveitadas.
A maior cidade da Península Ibérica (com 3,2 milhões de habitantes) é daquelas que funciona 24 horas por dia em um incansável ritmo latino. Existem museus, monumentos, parques, restaurantes, bares e baladas para todos os gostos. Assim como grande parte das capitais europeias, Madri também foi invadida por imigrantes (vale citar que os chinesinhos vendendo cerveja por 1 euro à noite nas ruas são bem úteis, pensando na economia), mas é possível encontrar a tradicional cultura espanhola preservada em vários lugares.
A locomoção é bastante eficiente por lá. O único aeroporto, o Barajas, é localizado perto do centro e facilmente acessível de metrô, que tem um sistema extenso e te leva para todos os pontos importantes. As estações de trem também são bem centrais. É possível conhecer grande parte das atrações a pé, em uma caminhada agradável. Por isso, vale bem a pena pegar um hostel central, mas nunca o United World International. Apesar de bem localizado, é pequeno, mal organizado, com funcionários ruins e fecha para limpeza das 11h as 14h. Ou seja, você tem que acordar essa hora e ir pra rua. Ridículo. Fiquei lá e não recomendo para ninguém.

Nos dias quentes, um bom ponto de partida é o Parque del Retiro, local onde você pode relaxar nos amplos gramados (e quem sabe encontrar um espanhola sorrindo pra você) ou alugar um barco a remo para passear pelo lago. Em uma das entradas do parque está a imponente Puerta de Alcalá, e alguns quarteirões acima está a Plaza de Cibeles, tradicional ponto de comemorações de futebol, como os títulos do Real Madrid ou da seleção da Fúria.
O Palácio Real, a Catedral de Almudena, a Plaza Mayor e a praça da Prefeitura (Ayuntamiento) são outras atrações que fazem parte do roteiro básico de qualquer visitante. E, mesmo para quem não tem muita paciência para museus, Madri conta com dois dos mais importantes centros de arte do mundo. O Museu do Prado abriga, por exemplo, a famosa pintura da Musa Desnuda, de Goya (pra quem não se lembra, no filme Titanic o Jack pinta a Rose inspirando-se nesse quadro). Já o Museu de Arte Reina Sofia apresenta várias obras de Picasso, entre elas a Guernica.
Mas o coração de Madri é a Puerta del Sol, praça movimentadíssima de dia, de noite e de madrugada. Ali fica a estátua-símbolo da capital, um urso e uma árvore de blueberry (El Oso y el Madroño). Nos arredores da praça e também ao longo da Gran Vía (a principal avenida) ficam inúmeros bares e restaurantes, ou as famosas `taparias` da Espanha.
Tapas são nada mais do que algumas porções, tradicionais na culinária espanhola, como vários tipos de queijo, presunto, salame ou peixe, camarão, carne, entre outras, que podem ser acompanhadas de pão. É sempre uma ótima opção pro início da noite comer tapas, devidamente acompanhadas por uma caña de cerveza. Como indicações de lugares para isso, cito a Alhambra ou o Gallego, que são espetaculares. E não deixe de experimentar o popular jamón ibérico, um sensacional presunto típico da Espanha. Outro local popular para apreciar diversos tipos de presunto (jamón) é o Museo del Jamón.

Deixei para o final a dica que mais me apetece em Madri: 100 Montaditos. É uma lanchonete (existem umas três ou quatro espalhadas pelo centro) com uma ideia simples, mas acho que pioneira, de uma qualidade ímpar e que está sempre cheia. No cardápio, são cem diferentes opções de mini-sanduíches com os mais variados recheios, como presunto, queijo, atum, salmão, carne, cream-cheese, maionese, entre outras misturas, e alguns doces também. Por apenas 1,20 euro cada, você come muito bem e gasta pouco. Claro que depende da fome, mas uns seis montaditos te deixam satisfeito. Se ninguém roubar minha ideia antes, ainda abrirei um desses em São Paulo.
Bom, não tem como falar de Madri sem falar das baladas. A noite de Madri, uma das melhores da Europa, começa tarde, e bem tarde eu diria. Cheguei a entrar em uma balada depois das 3 horas da manhã por lá. São diversas opções. Um dos lugares que fui é a renomada Pachá, club posh, ou seja, com várias frescuras, mas nem por isso ruim. Vai de cada um. É caro, só pode entrar se estiver bem vestido, não podem entrar vários homens juntos, etc... Mas há uma mulherada violenta lá dentro. Outra opção boa é o Sala Sol, balada mais alternativa, com um povo mais descolado e diversão garantida.
E para quem gosta pelo menos um pouquinho de futebol, não deixe de ir ao grandioso estádio Santiago Bernabéu. Além de Inter de Milão 2 x 0 Bayern de Munique (final da Champions League desse ano), assisti lá Real Madrid 3 x 4 Sevilla e Real Madrid 3 x 0 Zenit (RUS), em 2008. Emoção total. O tour pelas dependências do estádio, que inclui o museu e a sala de troféus do Real Madrid também é bem interessante.

É preciso ressaltar dois pontos que contribuíram muito para essa minha simpatia pela cidade. No total das duas viagens, foram 10 dias que fiquei em Madri, o que faz com que eu tenha aproveitado a cidade com muito mais tempo, sem aquela correria de ir apenas às atrações turísticas, e sim conhecendo também o dia-a-dia dos madrilenhos. Outro fator fundamental foi: na minha primeira visita, fiquei na casa do amigo e jornalista Julio Gomes, que morou quatro anos por lá e nos levou já nos lugares certos. Provavelmente, eu não teria descoberto logo os restaurantes e bares que citei acima sem a ajuda dele.
A grande desvantagem em relação a Barcelona é que Madri não tem praia, talvez por isso os turistas prefiram mais a cidade costeira. Minha dica é simples: vá morar em Madri e passe férias de verão em Barcelona.

Legendas: 1) Plaza Mayor - 2) Palácio Real - 3)Parque del Retiro - 4)Puerta del Sol e a estátua-símbolo de Madri - 5) estádio Santiago Bernabéu

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mais Croácia: Plitvice Lakes, um parque natural como poucos, e Hvar, a ilha da moda


Plitvice Lakes (ou Plitvička jezera, em croata) foi a nossa próxima parada em terras croatas. O local de nome quase nada complicado é um parque nacional considerado patrimônio da humanidade pela Unesco, e foi um dos pontos altos da trip. São centenas de cachoeiras, dezenas de lagos de águas verdes, azuis e cenários absurdamente sensacionais nos Balcãs. E olha que ouvi diversas vezes antes da viagem: 'Pô, mas nós vamos sair da ilha das baladas e perder um dia inteiro visitando um parque no meio do mato?`. Confesso que achei que seria duro fazer esse trajeto, mas o lugar é tão cartão-postal que a decisão de visitá-lo foi mais do que acertada. Os dez integrantes da viagem não se arrependeram disso.
Saímos de Novalja no domingo de manhã e após três horas na estrada chegamos ao local. Como não alugamos carro, a melhor forma foi fechar um táxi-van para nos levar e deixar na volta em Zadar, pelo preço de 250 kunas (34 euros) cada um. A outra opção seria voltar até Zadar e pegar outro ônibus até Plitvice, o que seria muito demorado e acabaria saindo mais caro.

O ingresso de entrada no parque custa 110 kunas (15 euros) e você tem a possibilidade de escolher entre vários caminhos a serem percorridos, os quais variam de 2 a 8 horas de percurso. Escolhemos um que demorou cerca de 3 horas e meia de caminhada pelas trilhas, incluindo um trecho de barco pelo maior dos lagos. Conhecemos a maior parte do parque nesse tempo, terminando com uma passada na maior queda d`água do local. Acho que as fotos podem explicar melhor sobre a beleza do parque.
De lá, o motorista da van nos deixou em Zadar, onde passamos mais uma noite antes de seguirmos ao nosso próximo destino. A comunicação é outro ponto a ser destacado sobre a Croácia. Apesar de grande parte dos jovens falarem inglês, são raras as pessoas mais velhas ou com menos instrução que sabem o idioma da Terra da Rainha. Como eu só aprendi a falar “Hvala” (Obrigado) em croata, às vezes rolou uma certa dificuldade de entendimento, como com o motorista da van ou com a dona do apartamento em Novalja. Mas nada que a mímica ou uma mistura de línguas não solucionasse o problema.

Ainda aproveitamos a segunda-feira de praia em Zadar antes de pegarmos outra van para a cidade de Split, que nessa ocasião foi apenas um ponto de passagem. Logo que chegamos, pegamos um ferry rumo à ilha de Hvar, um trajeto de pouco menos de 2 horas, por 47 kunas (7 euros). Também existe o barco rápido (catamarã) que é até mais barato (vai entender...), mas são apenas duas saídas diárias.
O ferry chega no porto de Stari Gradi, do outro lado da ilha. De lá, pegamos um ônibus que demora uns 20min até o centro de Hvar (Hvar Town), onde chegamos à noite, umas 22h30. Assim como em Novalja, tínhamos um apartamento reservado para menos do que dez pessoas (nesse caso tínhamos fechado pela internet apenas um dia antes). No entanto, com uma boa conversa e contando com a boa receptividade do senhor croata, conseguimos resolver a situação e arrumar cama para todos.
Hvar, que chegou a ser uma coloônia grega, é uma cidade com várias construções históricas. A ilha é muito mais conhecida do que Novalja, com isso, um pouco mais estruturada e certamente mais cara. O turismo por lá já é coisa que acontece há bem mais tempo, por isso, o perfil dos turistas também muda. Na média, são pessoas mais ricas, de nacionalidades mais variadas (isso significa também mais brasileiros), há mais famílias. No porto, é possível ver vários “barquinhos”, iates e veleiros de sei lá quantos pés. Na balada, como alguém definiu bem a diferença: “Hvar é muito pagação, enquanto Novalja é mais pegação”. Isso tudo não quer dizer que uma ilha é melhor do que a outra, são estilos diferentes, depende do gosto de cada um. Na minha opinião, os dois lugares valem a visita.

Durante o dia, algumas boas praias (todas de pedra) podem ser alcanças com uma pequena caminhada desde o centro, várias outras apenas com algum meio de transporte. Até existem ônibus, mas o que eu senti falta mesmo foi a possibilidade de alugar aqueles quadriciclos (que são praticamente obrigatórios e fáceis de achar nas Ilhas Gregas). Na Croácia, até vi alguns, mas são pouquíssimos e com um preço altíssimo. A partir da tarde até o início da noite, o lugar do agito é o Hula-Hula Beach Club, na beira do mar, perto do centro. Apesar de ser localizado em uma praia bem apertada, é lá onde rola música, cerveja, mulherada de top-less e tudo mais que um verão que se preze tem que ter.
À noite, o lugar mais concorrido é o Carpe Diem Bar, que fica lotado até cerca de 1h da manhã. Uma das opções de balada é o Veneranda, mas a que achei mais interessante foi a Carpe Diem Beach. A partir de 1h30, barcos saem do porto no centro em direção a uma pequena ilha localizada a uns 10min dali. Pagamos cerca de 8 euros para a entrada e, apesar de as bebidas serem caras, vale a pena conhecer. O som rola até o sol nascer e o lugar, a maior parte a céu aberto, é irado.

Depois de duas noites em Hvar, pegamos o ferry de volta a Split, onde ainda dormimos antes de seguirmos em um voo para Roma (ITA). Tivemos pouquíssimo tempo na segunda maior cidade da Croácia (fica atrás apenas da capital Zagreb), mas deu pra perceber que é bem movimentado. Ainda demos sorte e curtimos uma típica festa croata pelas ruas de Split (com direito a cerveja e sardinha de graça), era feriado em comemoração ao Dia da Vitória, relacionado à guerra na separação da antiga Iugoslávia.

Legendas: 1,2) Plitvice Lakes - 3) Porto e centro de Hvar - 4)Praia próxima ao centro de Hvar - 5) Hula-Hula Beach Club, no final da tarde, em Hvar

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Zrce Beach (Novalja): o novo destino para baladas no verão europeu fica na Croácia


Sem dúvida nenhuma e sem medo de errar: quer diversão? Vá para a Croácia. Posso estar contagiado pela empolgação de uma viagem recente, afinal voltei de lá há menos de um mês, mas essa é a dica para uma viagem de verão irada. Claro, existem outros inúmeros destinos recomendáveis, mas as paradisíacas ilhas croatas com as suas vibrantes baladas são o novo point do verão europeu.
Passei oito dias em diversas cidades do país junto com mais nove amigos: João, Chuck, Alex, Bruno, Jadson, Camila, Pauline, Mari e Yllen. A prioridade na escolha do roteiro foi praia e festa. Por isso e devido à distância e à falta de tempo, Dubrovnik, cidade histórica que dizem ser imperdível, ficou para uma próxima visita. Desta vez, as eleitas foram: Novalja (a nova Ibiza), Hvar (badalada ilha dos endinheirados), Zadar e Split (cidades famosas e portas de acesso às anteriores) e Plitivice (local onde fica um parque nacional, com cenários naturais inexplicáveis).
De todas as viagens que já fiz, essa talvez tenha sido a com menor planejamento. Um pouco por causa das dificuldades de se encontrar informações pela internet, um pouco devido ao grande número de integrantes viajando juntos. Fato (testado, comprovado e recomprovado três vezes): viajar com muita gente junta não é o ideal. Podem ser dez pessoas que se deem super bem, o problema não é a individualidade, é a coletividade. É impossível dez pessoas sempre quererem fazer a mesma coisa ao mesmo tempo. Coisas simples como almoçar, ir ao banheiro, se arrumar pra sair, bater uma foto se transformam em um tormento. Problemas sempre acontecem, é inevitável e mais do que normal. Ah, mas é divertido estar com uma galera, não é? Muito, em vários momentos, não tenho dúvidas que é bem legal. Mas, excursões da Tia Augusta à parte, o ideal é viajar em quatro ou cinco pessoas no máximo. Façam o teste e me cobrem depois. Mas isso é apenas um pequeno detalhe perto dos diversos momentos inesquecíveis em terras croatas.

Chegamos a Zadar em uma quarta-feira por volta das 13h. A primeira missão era saber se valeria a pena alugar um carro (no caso, teriam que ser dois). Por economia, optamos por não pegar, mas pela comodidade é uma opção que deve ser considerada. Para a primeira noite, tínhamos reservado o Hostel Old Town, o único albergue localizado no centro da cidade. Como o local é pequeno e bastante concorrido, os últimos três integrantes da viagem só acharam vaga em outro hostel mais afastado. Zadar é uma cidade pequena, onde os pontos de interesse ficam concentrados na Old Town. No pouco tempo lá, pudemos aproveitar o sol na praia de Ravnice e a noite no Maraschino Bar, boas opções que podem ser alcançadas a pé desde o centro.

No dia seguinte pela manhã, após cerca de uma hora e meia de ônibus (8 euros), chegamos ao destino mais esperado dessa viagem: Novalja, na ilha de Pag. Muitos conhecem o local apenas como Zrce Beach, praia onde ficam as famosas baladas a beira-mar. Novalja é o novo point do verão europeu, durante julho e agosto milhares de jovens migram para lá em busca das festas. Por ser um lugar ainda não explorado por muitos, o nível do público é bem selecionado. Na estatística feita por nós mesmos, croatas e eslovenas foram as nacionalidades (em quantidade e em qualidade) mais encontradas por lá. Claro, também há muitas italianas (pela proximidade geográfica). Mas nada se compara à babilônia que se tornou a popular Ibiza, lugar mais do que manjado do verão, onde podemos encontrar hordas de ingleses, escoceses, brasileiros, italianos, americanos, entre outras coisas mais. Outro ponto positivo para Novalja: o preço das coisas ainda é baixo comparado aos outros lugares (cerca de 3 euros por uma cerveja long-neck dentro da balada).
Por outro lado, a falta de estrutura ainda é um empecilho em um local em desenvolvimento. Não existe hostel (albergue) por lá. Hotéis são poucos, por isso, com preços altíssimos. A solução é alugar apartamento direto dos donos, que colocam anúncios em diversos sites na internet. O problema é: as boas opções se esgotam com vários meses de antecedência. Fechamos um ap (Apartmani Nada) até que legal um mês antes de viajar, mas a localização não era das melhores. Ficava em Stara Novalja, bairro que não possui transporte público nem para o centro e nem para Zrce Beach. Esse é outro grande (talvez o principal) problema de lá: o transporte. Existem raríssimos táxis na ilha e os ônibus entre o centro e Zrce são pouco freqüentes durante a noite. O pequeno centro de Novalja está em crescimento, mas até existem boas opções de restaurantes, bares e supermercados.

Mas vamos ao que interessa: Zrce Beach. Lá é onde o bicho pega. A praia de pequenas pedrinhas (sim, areia é sonho) é o ponto de partida para o dia de festa. Depois de aproveitar o sol e o mar, é hora de ir para a balada. O principal club é o Papaya, mas também existem outros por ali, como o Aquarius e o Kalypso. Pagamos apenas 110 kunas (ou 15 euros) pelo ingresso válido por quatro dias no Papaya, incluindo tardes (das 16h às 20h30) e noites (23h às 6h). Aproveitamos três dias de festa (quinta, sexta e sábado) durante o After Beach Festival, evento que reuniu o DJ David Morales, The Shapeshifters e Dirty South. Não me pergunte direito quem são esses caras que eu não entendo nada de música eletrônica, mas o negócio foi bem bom. Arrisco a dizer que o Papaya é a melhor balada que já fui em minha vida, em todos os sentidos: estrutura, público, ambiente, música, etc... Espaço grande, lotado mas sem empurra-empurra, vários bares, piscinas e, claro, loiras, loiras e mais loiras e pegação. Ahhhh, o verão!!! Vale dizer que a Croácia ainda é um dos lugares da Europa que é vantagem dizer que você é brasileiro. Diferentemente de outros países, como Inglaterra, Espanha ou Portugal, onde muitos brasileiros da pior espécie possível já invadiram e queimaram o nosso filme.

Resumindo a rotina dos três dias em Novalja: acordar, passar no centro para comer e começar o esquenta, ir para a praia de Zrce, balada no Papaya à tarde, voltar para o apartamento, tomar banho, se arrumar, continuar bebendo, ir novamente para a balada no Papaya à noite e tentar voltar para o apartamento de madrugada ou no dia seguinte cedo.
Claro, história para contar é o que não falta sobre esses dias. Mais do que qualquer lugar visitado, o que fica na memória são os momentos vividos (Caramba, comecei a filosofar agora..rs). Bom, acho que ficarei devendo os detalhes dessas histórias aqui no blog, mas certamente poderei compartilhá-las qualquer dia tomando um cervejinha por aí, seja em Novalja, São Paulo, Londres, Caraguá,...
No próximo post escreverei a segunda parte da viagem pela Croácia.

Legendas: 1,2,3,4)Balada Papaya Club, em Zrce Beach, Novalja - 5)Praia de Zrce vista do Papaya

De volta ao Brasil!

Meus caros,

Mais uma vez me desculpo pela falta de atualizações no blog. Estou de volta a São Paulo desde o dia 18 de agosto, por isso a dificuldade de escrever por aqui. Tive pouco tempo livre nesse período de mudança. Após dois anos e meio de vida em Londres, chegou o momento de voltar ao Brasil. Antes do retorno, aproveitei o verão europeu viajando pela Croácia, Itália, sul da França, Mônaco e Bélgica. Esses destinos serão relatados em breve no blog. Continuarei postando aqui histórias das viagens que fiz recentemente. E, com certeza, de férias ou em mais uma temporada na Europa (ou quem sabe em outra parte do mundo), outros destinos serão visitados nos próximos anos e adicionados no blog.
Nos próximos posts, falarei sobre algumas viagens na alta-temporada. O verão europeu é algo único, um período simplesmente espetacular. Claro, sei que o verão do Brasil também é sensacional, mas ouso dizer que essa estação no Velho Mundo é algo incomparável. Talvez a explicação para isso seja a diferença da duração das altas temperaturas nos dois lugares. Enquanto na maior parte do território brasileiro temos verão praticamente o ano todo, na Europa o sol aquece de verdade apenas três meses por ano (Claro, isso varia do sul para o norte). E isso faz com que eles definitivamente aproveitem esse período. O humor das pessoas muda, a energia é maior. Para quem gosta de festa e calor, esse é o momento de aproveitar. Ahhh, o verão.
Passei os três últimos verões europeus por lá e escolhi um destino diferente para viajar em cada um deles. Todos eles, digamos assim, pouco culturais. Ou melhor, dependendo do ponto de vista, muito culturais. Afinal, cultura não é só visitar museu e igreja. Praia, balada e contato com a receptiva população local também enriquecem o nosso conhecimento..rs. Em 2008, Ibiza, na Espanha. Em 2009, Ilhas Gregas. E em 2010, Croácia. Três viagens iradas, parecidas em um sentido, mas completamente diferentes em outro. Explicarei melhor sobre esses lugares nos posts seguintes.
Cheers!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Espanha campeã do mundo, uma história que começou a ser escrita na Eurocopa-2008


Campeã do mundo pela primeira vez no último domingo, a seleção da Espanha confirmou o bom trabalho que começou a ser feito anos atrás. O título não veio por acaso. O time não foi montado de uma hora para outra. A conquista foi merecida. Não vou fazer aqui uma análise aprofundada sobre o futebol que assisti nessa Copa do Mundo, mas vou escrever um pouco do que presenciei sobre os espanhóis nas últimas temporadas. Infelizmente, não estava presente na África do Sul para ver de perto, mas estive na Eurocopa de 2008, na Áustria e na Suíça, além de ter ido três vezes à Espanha nos últimos dois anos. Assisti no estádio quatro dos seis jogos da Espanha durante a cobertura da Euro. (4 a 1 na Rússia, 1ª fase – 0 a 0, e 4 a 2 nos pênaltis, contra a Itália, quartas-de-final – 3 a 0 na Rússia, semifinal – e 1 a 0 na Alemanha, final).
A final, no dia 29 de junho, em Viena, ficará marcada para sempre na minha vida. Momento histórico. Depois de um dia ensolarado na capital austríaca, que incluiu até um mergulho no Rio Danubio, com os amigos jornalistas Julio Gomes e Alexandre Coutinho, fomos para o estádio Ernst Happel no final da tarde. Assisti ao jogo na arquibancada no meio da torcida espanhola, e o “lo lo lo lo lo lo” durante o hino e os gritos de “a por ellos” não saem na minha cabeça até hoje.
Naquele dia, a Fúria começou a construir definitivamente a história do título mundial de 2010. A vitória justa sobre a poderosa Alemanha, por 1 a 0, transformou os espanhóis de coadjuvantes a protagonistas no cenário mundial. O gol de Fernando Torres e o bom futebol apresentado pela equipe encheram o país de confiança. E confiança _claro que aliada à competência_ , em minha opinião, é fundamental para o sucesso. Não foi a toa que a Espanha assumiu a condição de uma das favoritas da Copa-2010, coisa que não era clara no início da Euro-2008.
Após a decisão contra os alemães, a zona mista do estádio virou palco para a festa. Ainda com o uniforme da partida, os jogadores saíram do vestiário cantando e vibrando efusivamente. Com uma garrafa de champagne na mão, o atacante David Villa molhou diversos jornalistas. Os atletas comemoraram muito junto com repórteres espanhóis, que se abraçavam ainda incrédulos com o feito. Casillas, Torres, Xavi, Puyol, Fabregas e companhia marcaram época. Vale ressaltar o volante brasileiro Marcos Senna, um dos melhores da Euro, mas que acabou ficando de fora do Mundial. Uma opção injusta, no meu ponto de vista. Não se pode esquecer também da exclusão do atacante Raul, que foi bancada pelo ex-técnico Luis Aragonés. Criticado na época pela ala madrilena da imprensa espanhola, Aragonés provou que estava certo em renovar a seleção. Hoje, com Vicente Del Bosque no comando, mas a mesma base de dois anos atrás, a ausência do veterano e antes intocável Raul parece não ser mais lembrada.

Em 2008, durante a competição, me lembro das conversas que tive com torcedores, jogadores e jornalistas espanhóis, que ainda tinham um comportamento contido em relação a um possível triunfo do time. Recordo claramente de uma entrevista com Marcos Senna, logo após a estréia contra a Rússia, uma vitória por 4 a 1, após um dia chuvoso em Innsbruck. Humildade em pessoa, Senna mantinha os pés nos chão, mesmo após a goleada, discurso que foi adotado pelos outros atletas que ouvi ali na zona mista. A explosão de alegria e o ganho de confiança vieram apenas após título. Ou talvez depois da vitória nos pênaltis sobre a temida Itália, nas quartas-de-final. A partir dali, os espanhóis começaram a sentir de fato que podiam ser os melhores do mundo. E acho que esse ganho de confiança, que em excesso muitas vezes pode ser confundida com arrogância, foi essencial para o título na África do Sul.

Depois do título em Viena, senti essa mudança de atitude. Em uma entrevista para a revista “Placar” com o sempre sensato meia Fabregas, do Arsenal, no final de 2008, eu percebi que ele já acreditava de verdade que o título mundial seria possível. Sem ser arrogante, mas demonstrando consciência, ele transparecia confiança nas palavras. Quando viajei tanto para Madri quanto para Barcelona também percebi essa transformação no comportamento dos torcedores. Em maio deste ano, quando fui a Madri cobrir a final da Champions League, vi claramente a empolgação dos espanhóis e a convicção de que levantar a taça da Fifa poderia tornar-se um sonho real. Eles próprios se consideravam favoritos.
Ainda escreverei mais alguns posts sobre essa experiência fantástica durante a Eurocopa. Futebol, jornalismo, trocentas viagens de trem e turismo em diversas cidades austríacas e suíças...

Legendas: 1)Torcida espanhola vibra após o título na final contra a Alemanha, em Viena-AUT - 2)Fabregas comemora após marcar o gol decisivo na disputa de pênaltis contra a Itália, pelas quartas-de-final, em Viena-AUT - 3)Estreia da Espanha contra a Rússia, em Innsbruck-AUT - 4)Vídeo do hino espanhol na final da Euro contra a Alemanha

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Nova York: uma escala providencial na cidade que funciona 24 horas


No meio desta minha temporada européia, uma viagem destaca-se por não estar nem um pouco perto do continente que estou vivendo: Nova York. Sim, a metrópole norte-americana entrou no meu roteiro meio que por acaso. E o melhor de tudo, a passagem aérea foi praticamente de graça. Aproveitando a dica de uma pessoa X que conheci em Londres, comecei a pesquisar voos de São Paulo para Londres com escala nos Estados Unidos. Claro, o deslocamento acaba sendo bem mais demorado, até por isso são poucos os viajantes que fazem essa opção. Por cerca de 100 reais mais caro, comprei meu voo de ida e volta pela Delta Airlines com parada em Nova York, aproveitando as férias que passei no Brasil na virada de 2008 para 2009. Se o intuito é conhecer um novo lugar, vale muito a pena.
Na ida para a Inglaterra, peguei a “pior” escala possível. Geralmente, todos querem esperar no aeroporto o menor tempo. Eu queria esperar o máximo. Com isso, ganhei 14 horas para conhecer a cidade. Claro, vale lembrar que o visto para os EUA é indispensável, coisa que eu já tinha devido a uma viagem anos atrás. Na volta ao Brasil, um ano depois, liguei na Delta, mudei a data do segundo trecho e fiquei quatro dias na Big Apple.

Assim como Londres e São Paulo, Nova York é uma cidade vibrante, sensacional, daquelas que com certeza eu moraria facilmente. Atualmente, acho que não conseguiria viver em um lugar pacato. É difícil me imaginar morando onde não há vida 24 horas por dia. Hoje não tem balada boa porque é segunda-feira? O McDonald`s está fechado porque são 2 horas da manhã? Não tem restaurante japonês por aqui? Se eu sair naquele lugar eu vou encontrar o fulano que não quero? Para tudo. Respeito quem não se importa, mas eu passo longe disso. É apenas estilo de vida. Mas além dessa agitação toda, Nova York oferece uma diversidade de atrações, começando pelos diversos tipos de pessoas de todos os cantos do mundo. Como já diria minha parceira Alicia: “These streets will make you feel brand new”.
Nova York é a maior cidade do país, mas a maioria dos locais de interesse fica concentrada no distrito de Manhattan, o centro econômico e coração da cidade. Muita coisa é possível de se fazer a pé. Porém, um dos maiores sistemas de metrô do mundo, que funciona 24 horas por dia, pode te levar facilmente para pontos mais afastados, incluindo os distritos do Bronx, Queens, Brooklyn e Staten Island.

Na ida, desembarquei em Nova York às 7h da manhã e meu voo para Londres era apenas às 21h. Consegui fazer o check-in e despachar as malas logo que cheguei, então peguei o metro do aeroporto JFK para Manhattan. Era final de janeiro, fazia um frio de 7 graus negativos e NY estava coberta de neve. A cidade inteira estava branca. Apesar de eu quase ter congelado meus dedos do pé, consegui conhecer os principais pontos turísticos em cerca de 12 horas. Esquematizei um tour expresso no pouco tempo que tinha, para visitar os seguintes lugares: ruínas do World Trade Center, Estátua da Liberdade, Bolsa de NY, Wall Street, South Street Seaport, ponte do Brooklyn, China Town, Broadway, 5ª avenida, Empire State, Rockfeller Center, Times Square e Central Park. Foi corrido, andei bastante, mas aproveitei bem. Claro, não tive tempo para entrar em museus, nem para subir no topo do Empire State, por exemplo, coisas que ficarão para uma próxima vez. Vale citar que tudo isso ocorreu no dia 21 de janeiro de 2009, o Inauguration Day, data em que Barack Obama assumia a presidência dos EUA.
Comecei o tour pelo World Trade Center, que hoje é um grande canteiro de obras para a construção das novas Torres Gêmeas. Lugar histórico pelo atentado terrorista de 11 de setembro de 2001, e triste pelas milhares de vidas que foram perdidas. No local, há tipo um memorial contando a história do WTC e do trágico dia.
Depois, desci até a ponta sul de Manhattan para avistar Estátua da Liberdade. A princípio, minha idéia era apenas tirar fotos dali, por falta de tempo. No entanto, foi frustrante ver o principal monumento norte-americano de tão longe. Então, resolvi fazer o passeio de barco pelo Rio Hudson quase congelado até a ilha onde fica a estátua. Foi uma decisão mais do que acertada. Por 12 dólares e em cerca de 1h30 no total, pode-se chegar ao lado da imponente estátua, além de a ilha contar com um museu e uma vista excelente da cidade.

Na longa e agradável caminhada da ponta de Manhattan até a Times Square, passei por todos os outros pontos citados acima, além de percorrer cenários de filmes e seriados de TV. Neste meio tempo, apenas uma breve parada para um lanche. Para fechar o dia, peguei o metrô até o Central Park, que estava congelado, e de lá voltei para o aeroporto.
Na volta para o Brasil, apesar dos quatro dias em NY, meu tempo dedicado ao turismo foi praticamente zero. Claro que, durante as caminhadas, invariavelmente eu tinha como agradáveis panos-de-fundo os belos arranha-céus nova-iorquinos. Meu objetivo desta vez era fazer compras, aproveitando as vantagens nos preços em relação à Europa e, obviamente, ao Brasil. Além de aquisições pessoais, comprei bastante coisa para vender no Brasil e ganhar um dinheiro. Valeu muito a pena.

Durante esses dias, fiquei hospedado no hostel Tone on Lex, no lado leste da 94º Street, por 18 dólares a diária. Lugar simples, mas seguro, bem localizado e bem freqüentado. Durante o tempo que não estava dentro das Macy`s, Best Buy ou Sports Authority da vida, coisa que eu perdi a paciência logo no segundo dia, ainda houve espaço para rolar uma balada com o pessoal do hostel. Ah, isso era início de dezembro, vale destacar as iluminações natalinas espalhadas pelas ruas, incluindo a gigantesca e tradicional árvore de Natal em frente ao Rockfeller Center.
Moral da história: se você pretende fazer uma viagem do Brasil para a Europa, cheque antes o preço dos voos pelas empresas aéreas norte-americanas e ganhe um bônus no seu roteiro. É uma boa oportunidade de visitar os Estados Unidos quase sem gastar dinheiro.

Legendas: 1)vista da Liberty Island e da Estátua da Liberdade, a partir do barco - 2)Battery Park, na ponta de Manhattan, coberto de neve - 3)Obras no novo World Trade Center, em dezembro de 2009 - 4)Lago congelado no Central Park - 5)Movimentação da agitada Times Square

sábado, 19 de junho de 2010

Algarve: opção mais econômica para boas praias e festas no verão europeu


A segunda parte da viagem foi menos histórica e mais curtição, mas nem por isso menos cultural. Afinal, quem disse que praia e cerveja não fazem parte da essência de um país? Brincadeiras à parte, na maioria das vezes você não conhece bem uma país visitando apenas a sua capital, geralmente a mais cosmopolita das cidades. Municípios menores com tradições mais preservadas sempre são uma boa pedida. No nosso caso, escolhemos ir para o Algarve, sul de Portugal, região com belas praias e destino cada vez mais frequente no verão europeu.
Alugamos um carro em Lisboa para fazer a viagem, opção sempre mais econômica quando se está em quatro pessoas, sem falar na comodidade. Se fossemos de ônibus, pagaríamos 20 euros cada um, mais os deslocamentos locais e outros inconvenientes. Rodamos várias cidades por lá, o que seria muito mais complicado sem o carro. As três diárias do aluguel, mais GPS, seguro, taxa por devolver o carro em outro destino e combustível saíram por cerca de 50 euros para cada um. Mas, atenção! Existe uma coisa chamada pedágio. Nosso prejuízo aumentou em mais uns 10 euros para cada por causa de uma “orelhisse”. Saindo de Lisboa, no início da auto-estrada, há uma barreira de pedágio, mas sem ninguém para cobrar. Lá, você deve apenas parar o carro e pegar um ticket na máquina. Ao sair da auto-estrada e chegar ao seu destino, você passa novamente em outro pedágio, este com um cobrador, que informa o valor a ser pago dependendo da distância percorrida. Pois, então. Nosso “atencioso” motorista resolveu ignorar o primeiro pedágio e seguir os carros que passavam direto pela “faixa verde”, uma espécie de “Sem Parar” das estradas paulistas. Aí, já viu. Multa na certa. (Quem mesmo que são os ‘portugueses’?)

Bom, contratempos superados e alguns euros mais pobres, chegamos a Faro, depois de pouco menos de quatro horas. Ficamos hospedados na capital do Algarve e talvez a mais famosa cidade da região, já que o aeroporto internacional fica por ali. Porém, eu não repetiria a escolha se voltasse para lá. Albufeira ou Portimão são opções mais vantajosas para servir de cidade-sede, por motivos que serão citados em seguida. A Praia de Faro não é nem tão bonita, nem tão badalada quanto às dos municípios vizinhos. A vida noturna, então, também fica bem abaixo. Exceção feita à quinta-feira, já que há uma universidade por lá, e nesse dia os estudantes farenses resolvem liberar um pouco as energias durante a noite.

Quarta e quinta-feira durante o dia, pegamos o carro e rodamos algumas praias indicadas pelos funcionários do nosso hostel. Conhecemos Portimão, que fica a cerca de uma hora de Faro, e Albufeira, a meia hora. Na cidade mais afastada, fomos à Praia da Rocha, lugar legal e bem estruturado, mas ainda longe de ter a agitação do pico do verão. Já em Albufeira passamos pela praia de Santa Eulália, um ambiente mais família, e finalmente ficamos na Praia dos Pescadores, nosso QG dos dois dias. Claro que a agitação não se compara ao que encontrei em Ibiza ou na Grécia (afinal fui pra Portugal em maio e para os outros dois países em julho e agosto), mas o lugar era irado também. Público jovem, sol, cerveja, top less... Ahhhh, o verão! Conversando com alguns portugueses e com um brasileiro que mora lá e vende bebida na praia, tivemos a confirmação de que Albufeira era realmente o lugar que mais estava bombando na época. Muitos turistas, principalmente ingleses, costumam freqüentar a região. Durante o dia, praia. À noite, festa nos diversos bares/baladas espalhados pela vilazinha no centro. Outra cidade que parece ser bem interessante por ali é Lagos, que fica um pouco mais adiante, mas não chegamos a ir até lá por falta de tempo.
Escolhas pessoais quanto à cidade à parte, o Algarve sem dúvida é um dos grandes atrativos de Portugal e da Europa durante o verão. Mais barato do que a maioria dos badalados destinos da alta temporada e oferecendo diversão para todos os gostos.

Para terminar esse post duplo sobre Portugal, vou falar sobre um tema que citei no início: o mau-humor dos portugueses. Não vou generalizar, mas é impressionante a falta de educação e a rabugice dos gajos, a forma rude como nós fomos tratados por vendedores de lanchonetes, garçons, funcionários de lojas. Claro, houve algumas exceções durante a viagem, mas foram poucas. Conversando com esses raros casos de boa educação, tivemos uma explicação. Existe de fato um preconceito dos portugueses com os brasileiros. Realmente, são muitos brasucas, mas muitos mesmo, vivendo por lá. E boa parte do nosso povo não é bom exemplo pra ninguém, não são lá dos dez mais certos do mundo. Ilegais, enroladores, gente querendo levar vantagem e até bandidos mesmo. Infelizmente, essa é a realidade de muitos brasileiros que moram no exterior. No entanto, esse cenário de Portugal não é muito diferente do que acontece aqui em Londres. Da mesma forma que existem brasileiros fazendo muita coisa errada, existem vários outros fazendo as coisas certas. Do mesmo jeito que existem ingleses dando bons exemplos, existem ingleses destruindo a tal boa fama da ‘educação britânica’. Generalização é burrice. Neste caso, não seria mais inteligente tratar bem quem visita a sua casa? Não seria melhor conhecer primeiro para, aí sim, ter um conceito bom ou ruim sobre cada pessoa? Se eu fosse cair no mesmo erro deles, acho que eu acreditaria em todas as piadas do Manuel. Mas, não. Sei que ‘algumas’ delas não são verdadeiras. Ora pois.

Legendas: 1)Praia dos Pescadores, em Albufeira - 2)Praia da Rocha, em Portimão - 3)Centro de Faro - 4)Vista aérea da região do Algarve

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Lisboa: mais que um passeio por uma aula de história brasileira


O mais brasileiro _por motivos óbvios_ dos países europeus raramente está entre as prioridades de visita de quem viaja pela Europa. Eu me incluo nesse caso, já que fui pra lá apenas no meu terceiro ano morando no Velho Mundo. No entanto, Portugal reserva boas surpresas e vale ser incluído no roteiro, principalmente para nós brasileiros que fomos colonizados por eles. Além de podermos ver de perto muitas coisas que estudamos no colégio nas aulas de história, é possível perceber de onde vêm muitos de nossos costumes. Mas não é só isso que Portugal pode oferecer. No intervalo da aula: boa comida, praias e uma agradável vida noturna também fizeram parte da minha viagem. O ponto negativo ficou por conta do mau-humor dos portugueses, que será explicado no decorrer desse post duplo.

No final de maio deste ano, aproveitei para conhecer Lisboa e a região do Algarve logo depois de uma viagem a Madri, na Espanha, onde tinha ido para a final da Champions League. Fiquei cinco noites por lá, junto com os amigos Alex, Nelber e Suelen. Cheguei a Lisboa no domingo pela manhã e tivemos dois dias e meio para conhecer a capital, que, apesar de ser uma cidade grande, ainda reserva ares provincianos. Comparando-se com a média européia, Portugal é um país barato. Pudemos comprovar isso logo de cara no albergue que ficamos, o Kitsch Hostel, onde pagamos apenas 12 euros a diária, preço mais do que justo para uma boa e bem localizada acomodação, na Praça dos Restauradores. Também fizemos algumas boas refeições na rua gastando pouco, entre 5 e 7 euros por um prato com peixe, como o tradicional bacalhau, mais acompanhamentos. Achamos até um lugar onde almoçamos à brasileira: arroz, feijão, bife e ovo, nessa mesma média de preço

O primeiro passeio foi na região onde estão as atrações mais interessantes da cidade, o Belém. O bairro fica a cerca de 15min do centro e para se chegar lá basta pegar um tram, vulgo bonde, ou elétrico na língua portuguesa dos gajos. Para começar, fotos na Torre de Belém, que é uma parada obrigatória. A construção, às margens do Rio Tejo, é um símbolo de Portugal da era dos descobrimentos através de suas expedições marítimas. Pagamos 7 euros para entrar no Mosteiro dos Jerônimos, uma imponente construção histórica, onde estão os túmulos de Fernando Pessoa, Vasco da Gama e Luís Camões. Se bem que, os restos mortais desses dois últimos estão dentro da igreja anexa ao complexo, onde não é preciso pagar pela visita. Próximo dali, também está o monumento Padrão dos Descobrimentos, em frente à Praça do Império. Tão imperdível quanto essa parte histórica é comer o pastel de Belém, feito de nata, e vendido por apenas 0,90 centavos numa tradicional lojinha.
Domingo à noite ainda serviu para subirmos e descermos ladeiras e darmos uma volta pelo Bairro Alto, região boêmia da cidade, repleta de vários barzinhos. Claro que o local não estava tão cheio como costuma ser nas sextas-feiras e sábados, mesmo assim foi possível tomar mais de um imperial, como eles chamam o copo de cerveja por lá. Também demos uma passada no bar A Brasileira, que fica no Chiado e era freqüentado por Fernando Pessoa. No local, há até uma estátua do escritor brasileiro

O segundo dia foi reservado para um passeio em Cascais, município vizinho a Lisboa, que conta com badaladas praias e mansões dos endinheirados. Por 1,70 euros cada trecho, pegamos um trem na estação Cais do Sodré e em cerca de 40 minutos descemos em Estoril, seguindo recomendação da recepcionista do hostel. De lá, caminhamos beirando a praia por no máximo meia hora, rodeados por uma agradável paisagem, até atingirmos Cascais. Mesmo ainda não sendo o pico do verão, o calor que fazia por lá já foi suficiente para ficarmos várias horas deitados na areia da praia. Mas não suficiente para entrar na gelada água do mar. Poucos se arriscaram. Também conhecemos o centrinho de Cascais e uma formação rochosa beira-mar conhecida como Boca do Inferno. A noite novamente foi reservada ao Bairro Alto, dessa vez com uma ida à Tasca do Chico, tradicional bar onde presenciamos um show de fado. Na real, alguns minutos ali foram suficientes para conhecermos a tradicional musical portuguesa, já que o fado não é dos dez estilos mais animados do mundo. Então, fomos pra outros bares em busca de algo mais, mais, mais... Bom, em busca de algo mais.
Antes de deixarmos Lisboa, ainda tivemos a manhã de terça-feira para fazer um tour nos principais pontos turísticos concentrados na região central, como a Catedral da Sé, o Castelo de São Jorge, as praças do Comércio, do Rossio e da Figueira, além das ruas de Alfama e da Baixa. Nesse caminho, não era raro se deparar com estátuas de personagens que construíram a história brasileira, como Dom João, Dom Pedro. Depois do almoço, partimos em direção ao sul do país. E a continuação da viagem vem no próximo post...

Legendas: 1) Torre de Belém - 2)Catedral da Sé - 3)Praça da Figueira com Castelo de São Jorge no alto ao fundo - 4)Cascais