quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Madri: a vibrante metrópole espanhola muito além dos pontos turísticos


Antes dos outros posts sobre as viagens de verão, vou escrever sobre as duas principais cidades espanholas e suas peculiaridades. Madri e Barcelona possuem encantos distintos, que agradam a gostos diversos. Visitando as duas, você pode dizer que conhece a essência da Espanha, mas, principalmente, pode dizer que conhece as diferenças entre dois povos que dividem o mesmo país, deixando claro a rivalidade entre os nacionalismos espanhol e catalão.
Deixando a parte política de lado e guardadas as devidas proporções, podemos comparar as duas cidades dizendo que Madri é São Paulo, enquanto Barcelona é o Rio de Janeiro. Nesse primeiro post, vou falar sobre a vibrante capital espanhola, uma das minhas cidades preferidas. Depois de Londres, Madri provavelmente seria a cidade que eu escolheria para morar. Ao contrário da maioria das pessoas que eu converso, prefiro Madri do que a sua concorrente (e olha que Barcelona é sensacional também). Os motivos serão explicados no decorrer do texto.

Estive duas vezes na capital espanhola. Na primeira vez, fiquei 6 dias por lá junto com o amigo e jornalista Alexandre Coutinho, em dezembro de 2008. Depois, mais 4 dias em maio de 2010, junto com o também amigo e jornalista Felipe Rocha, durante a cobertura da final da Champions League (ainda escreverei um post específico sobre os bastidores desse jogo). Foram duas viagens diferentes, uma em pleno inverno e tendo o turismo como prioridade, a outra no verão e mais focada no trabalho. Mas, definitivamente, as duas foram muito bem aproveitadas.
A maior cidade da Península Ibérica (com 3,2 milhões de habitantes) é daquelas que funciona 24 horas por dia em um incansável ritmo latino. Existem museus, monumentos, parques, restaurantes, bares e baladas para todos os gostos. Assim como grande parte das capitais europeias, Madri também foi invadida por imigrantes (vale citar que os chinesinhos vendendo cerveja por 1 euro à noite nas ruas são bem úteis, pensando na economia), mas é possível encontrar a tradicional cultura espanhola preservada em vários lugares.
A locomoção é bastante eficiente por lá. O único aeroporto, o Barajas, é localizado perto do centro e facilmente acessível de metrô, que tem um sistema extenso e te leva para todos os pontos importantes. As estações de trem também são bem centrais. É possível conhecer grande parte das atrações a pé, em uma caminhada agradável. Por isso, vale bem a pena pegar um hostel central, mas nunca o United World International. Apesar de bem localizado, é pequeno, mal organizado, com funcionários ruins e fecha para limpeza das 11h as 14h. Ou seja, você tem que acordar essa hora e ir pra rua. Ridículo. Fiquei lá e não recomendo para ninguém.

Nos dias quentes, um bom ponto de partida é o Parque del Retiro, local onde você pode relaxar nos amplos gramados (e quem sabe encontrar um espanhola sorrindo pra você) ou alugar um barco a remo para passear pelo lago. Em uma das entradas do parque está a imponente Puerta de Alcalá, e alguns quarteirões acima está a Plaza de Cibeles, tradicional ponto de comemorações de futebol, como os títulos do Real Madrid ou da seleção da Fúria.
O Palácio Real, a Catedral de Almudena, a Plaza Mayor e a praça da Prefeitura (Ayuntamiento) são outras atrações que fazem parte do roteiro básico de qualquer visitante. E, mesmo para quem não tem muita paciência para museus, Madri conta com dois dos mais importantes centros de arte do mundo. O Museu do Prado abriga, por exemplo, a famosa pintura da Musa Desnuda, de Goya (pra quem não se lembra, no filme Titanic o Jack pinta a Rose inspirando-se nesse quadro). Já o Museu de Arte Reina Sofia apresenta várias obras de Picasso, entre elas a Guernica.
Mas o coração de Madri é a Puerta del Sol, praça movimentadíssima de dia, de noite e de madrugada. Ali fica a estátua-símbolo da capital, um urso e uma árvore de blueberry (El Oso y el Madroño). Nos arredores da praça e também ao longo da Gran Vía (a principal avenida) ficam inúmeros bares e restaurantes, ou as famosas `taparias` da Espanha.
Tapas são nada mais do que algumas porções, tradicionais na culinária espanhola, como vários tipos de queijo, presunto, salame ou peixe, camarão, carne, entre outras, que podem ser acompanhadas de pão. É sempre uma ótima opção pro início da noite comer tapas, devidamente acompanhadas por uma caña de cerveza. Como indicações de lugares para isso, cito a Alhambra ou o Gallego, que são espetaculares. E não deixe de experimentar o popular jamón ibérico, um sensacional presunto típico da Espanha. Outro local popular para apreciar diversos tipos de presunto (jamón) é o Museo del Jamón.

Deixei para o final a dica que mais me apetece em Madri: 100 Montaditos. É uma lanchonete (existem umas três ou quatro espalhadas pelo centro) com uma ideia simples, mas acho que pioneira, de uma qualidade ímpar e que está sempre cheia. No cardápio, são cem diferentes opções de mini-sanduíches com os mais variados recheios, como presunto, queijo, atum, salmão, carne, cream-cheese, maionese, entre outras misturas, e alguns doces também. Por apenas 1,20 euro cada, você come muito bem e gasta pouco. Claro que depende da fome, mas uns seis montaditos te deixam satisfeito. Se ninguém roubar minha ideia antes, ainda abrirei um desses em São Paulo.
Bom, não tem como falar de Madri sem falar das baladas. A noite de Madri, uma das melhores da Europa, começa tarde, e bem tarde eu diria. Cheguei a entrar em uma balada depois das 3 horas da manhã por lá. São diversas opções. Um dos lugares que fui é a renomada Pachá, club posh, ou seja, com várias frescuras, mas nem por isso ruim. Vai de cada um. É caro, só pode entrar se estiver bem vestido, não podem entrar vários homens juntos, etc... Mas há uma mulherada violenta lá dentro. Outra opção boa é o Sala Sol, balada mais alternativa, com um povo mais descolado e diversão garantida.
E para quem gosta pelo menos um pouquinho de futebol, não deixe de ir ao grandioso estádio Santiago Bernabéu. Além de Inter de Milão 2 x 0 Bayern de Munique (final da Champions League desse ano), assisti lá Real Madrid 3 x 4 Sevilla e Real Madrid 3 x 0 Zenit (RUS), em 2008. Emoção total. O tour pelas dependências do estádio, que inclui o museu e a sala de troféus do Real Madrid também é bem interessante.

É preciso ressaltar dois pontos que contribuíram muito para essa minha simpatia pela cidade. No total das duas viagens, foram 10 dias que fiquei em Madri, o que faz com que eu tenha aproveitado a cidade com muito mais tempo, sem aquela correria de ir apenas às atrações turísticas, e sim conhecendo também o dia-a-dia dos madrilenhos. Outro fator fundamental foi: na minha primeira visita, fiquei na casa do amigo e jornalista Julio Gomes, que morou quatro anos por lá e nos levou já nos lugares certos. Provavelmente, eu não teria descoberto logo os restaurantes e bares que citei acima sem a ajuda dele.
A grande desvantagem em relação a Barcelona é que Madri não tem praia, talvez por isso os turistas prefiram mais a cidade costeira. Minha dica é simples: vá morar em Madri e passe férias de verão em Barcelona.

Legendas: 1) Plaza Mayor - 2) Palácio Real - 3)Parque del Retiro - 4)Puerta del Sol e a estátua-símbolo de Madri - 5) estádio Santiago Bernabéu

3 comentários:

  1. BOM GOSTO ADREI ESTA INFORMACAO

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  2. OBRIGADA PELAS INFORMAÇÕES POSTADAS, ESTAVA PRECISANDO MUITO,IREI MORAR 2 ANOS EM MADRI.

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  3. Valeu! Que bom que ajudou um pouco. Boa sorte por lá...

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