sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Gênios do tênis, Federer e Nadal demonstram postura de ídolos fora das quadras


Depois de alguns posts sobre turismo, vou fazer um aqui novamente sobre jornalismo. O assunto é tênis, o segundo esporte de minha preferência, obviamente depois do futebol. E falando do tênis atual, o nome de dois monstros das raquetes rapidamente vem à cabeça: Federer e Nadal. É principalmente sobre eles que vou escrever. Dois jogadores que dentro da quadras possuem características distintas, mas fora delas têm uma postura bem semelhante, de humildade, respeito, educação, exemplo, verdadeiros ídolos do esporte. Estou longe de ser um especialista no tênis, mas vou dar as minhas impressões.
Entre 22 e 29 de novembro de 2009, fiz a cobertura do ATP World Tour Finals, em Londres, para o diário “Lance”. O torneio reuniu os oito melhores tenistas do ano: Roger Federer (SUI), Rafael Nadal (ESP), Novak Djokovic (SER), Andy Murray (GBR), Juan Martín Del Potro (ARG), Nikolay Davydenko (RUS), Fernando Verdasco (ESP) e Robin Soderling (SUE).

Antes desse torneio, eu já tinha ido a Roland Garros e Wimbledon, mas foi no ATP Finals que pude observar mais de perto o comportamento dessas estrelas e tudo o que envolve um evento grandioso como esse. Ao contrário dos Grand Slams, que são disputados em grandes clubes com diversas quadras e jogos ao mesmo tempo, o último torneio da temporada concentra-se apenas em um local, onde as atenções estão completamente focadas em um só ponto.
O contato com os principais tenistas do mundo, principalmente com Federer e Nadal, não é fácil nem mesmo para a imprensa. Porém, é possível. Depois de todas as partidas, as entrevistas coletivas são o momento ideal para observar melhor a postura dessas estrelas, e o momento onde eu pude fazer as perguntas que interessavam para as minhas matérias. Tenho que destacar a atitude e até o bom humor de todos os atletas, mas especialmente do suíço e do espanhol, então números um e dois do mundo.

Federer perdeu para Davydenko na semifinal, mesmo assim terminou o ano no topo do ranking mundial pela quinta vez consecutiva. É impressionante a idolatria dos torcedores por ele. Mesmo quando enfrentou o britânico Murray, que jogou em casa, o suíço teve maioria da torcida a seu favor. A cada parada de bola, gritos de “allez Roger” ecoavam nas arquibancadas da O2 Arena. Pessoas de todas as partes do mundo adoram Federer. Inclusive, fiz uma matéria de ambiente com dois brasileiros, que tinham viajado para Londres só para vê-lo jogar. Descontraído e atencioso no contato com os jornalistas, apesar de todos os cuidados que cercam uma celebridade, Federer demonstrou a postura de um verdadeiro campeão.
Nadal e os incentivos da torcida de “vamos Rafa” não ficam muito atrás. Apesar de ter sido eliminado na primeira fase com três derrotas, o espanhol mostrou espírito esportivo. Respondeu pacientemente a todas as perguntas, reconheceu a má fase, elogiou os adversários e fez brincadeiras quando preciso. Antes de falar em castelhano, Nadal ainda tem que responder vários questionamentos em inglês, língua que está longe de dominar. Tenho que confessar que é engraçado ver o esforço do espanhol em falar a língua inglesa, ele mesmo acaba tirando sarro de si próprio quando se enrola nas respostas.

Se não foi possível fazer uma entrevista exclusiva com Federer ou Nadal (missão bem complicada), valeu bastante pela proximidade com os astros durante as conferências de imprensa. E, principalmente, nas mesas redondas organizadas pela ATP um dia antes do início do campeonato. O evento no hotel Marriot, onde os atletas estavam hospedados, reuniu apenas jornalistas credenciados. Lá, em duas rodadas de cerca de trinta minutos, quatro tenistas por vez ficaram à disposição para perguntas. Os dois primeiros do ranking eram os mais assediados, mas foi perfeitamente possível encaixar uma ou outra pergunta.
Nesse momento, mudei minha estratégia e acabei conseguindo uma pauta interessante. Enquanto a maioria urubuzava em cima de Nadal e Federer, decidi me focar onde eu teria mais tempo e espaço para fazer meus questionamentos. Conversei com os assessores e acabei conseguindo exclusivas com o argentino Del Potro (5º do ranking na época) e depois com o espanhol Verdasco (8º). As entrevistas foram rápidas, entre 5min e 10min cada uma delas, mas suficiente para ambos falarem bastante sobre o tênis brasileiro e trabalho de base, pauta que me interessava e que foi publicada pelo “Lance”.
A experiência na cobertura do ATP Finals de tênis foi bem diferente da que eu havia feito no Mundial de Ginástica, por exemplo. O acesso direto aos ginastas era muito mais fácil do que aos tenistas, já que Federer, Nadal e companhia têm uma exposição e uma idolatria muito mais forte. Mesmo assim, foi possível conseguir um material jornalístico bem interessante, em minha opinião.

Falando especificamente sobre as partidas, acho que não preciso nem escrever muito sobre a sensacional oportunidade de assistir a essas feras em quadra. Eram dois jogos por dia de simples e mais dois de duplas. Ora era Nadal x Djokovic, ora era Federer x Murray, ou seja, só duelos de primeira qualidade. Isso sem falar no show de organização e produção do evento, com luzes, música. Uma estrutura realmente de primeira linha. No final, o russo Davydenko acabou surpreendendo e foi campeão do torneio, batendo Del Potro na decisão, por 2 sets a 0 (6/3 e 6/4). Título merecido pelo que apresentou naquela semana.
Por mais três anos, até 2012, o ATP Finals continuará sendo disputado em Londres. Como eu não estou mais morando por lá, vou ficar só na vontade este ano. Mas, quem sabe muitos outros ainda não virão pela frente...

Legendas: 1) Quadra do ATP Finals, na O2 Arena, em Londres - 2) Federer, Nadal e Murray na apresentação oficial do torneio - 3)Nadal em mesa redonda de entrevista com os jornalistas - 4)Federer em ação - 5) Davydenko com a taça de campeão - 6) Vídeo durante vitória de Djokovic sobre Nadal, por 2 sets a 0 (7/6 e 6/3)

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