segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Transilvânia (Romênia): região de montanhas, castelos e, claro, terra do Conde Drácula


Confesso que eu sabia muito pouco sobre a Romênia antes de visitá-la. A principal imagem que eu tinha do país era daquela fantástica seleção de George Hagi e companhia que brilhou na Copa do Mundo de 1994. Fora isso, acho que eu só sabia da assustadora região da Transilvânia, famosa pela história do Conde Drácula. Aliás, foi por esse segundo ponto que eu resolvi ir pra lá. Meio que por acaso, meio que de última hora, mas muito compensador.
Depois de terminar um pequeno mochilão com amigos pelo Leste Europeu, eu estava naquele momento em Budapest, na Hungria, num sábado, e precisaria encontrar outros amigos em Atenas, na Grécia, na terça-feira pela manhã. Ou seja, eu tinha um pouco mais de dois dias inteiros livres. Ir de trem de Budapest para Atenas era praticamente inviável. Não existia trem direto, e eu teria que fazer pelo menos duas trocas, indo por Bucareste ou Belgrado (Sérvia) ou Sofia (Bulgária), passando por Thessaloniki (norte da Grécia), até chegar na capital grega. Eu perderia muito tempo, e também não compensaria financeiramente.

A solução foi: achei um voo relativamente barato, 60 euros, pela Aegean Airlines, de Bucareste para Atenas na terça-feira cedo. Então, peguei um trem noturno de Budapest para Brasov, uma das principais cidades da Transilvânia, onde cheguei no domingo cedo, aproveitei o dia e passei a noite. Segunda pela manhã fui para a capital romena, onde passei um dia antes de pegar o avião.
Bom, Brasov é a “cidade-base” para se explorar a região. De lá, é possível alcançar e visitar municípios e castelos que deram origem e ilustram as lendas do conhecido vampiro. As principais atrações da pequena cidade, que foi palco de várias atrocidades do Conde Drácula, são a (praça) Piata Sfatului e a (igreja) Black Church, além de um teleférico que sobe o Monte Tampa. À noite, existem algumas boas opções de bares, restaurantes com comida típica e pequenos clubs espalhados pelas ruazinhas perto da praça principal. Mas o mais interessante mesmo fica nos arredores de Brasov.
Fiquei no hostel Kismet Dao Brasov (10 euros a diária) e lá peguei uma excursão para conhecer melhor a Transilvânia, região no meio das montanhas dos Cárpatos, em um passeio que incluiu a visita a castelos e construções históricas. Basicamente, foram três lugares visitados: Bran, Sinaia e Rasnov. Também existia a possibilidade de ir por conta própria, o que sairia um pouco mais barato, mas muito mais trabalhoso. Vale considerar que a Romênia é um país pobre, está longe de ter a organização de Primeiro Mundo, portanto o transporte público e mesmo a comunicação com a população local não são tão eficientes. Aliás, é muito mais fácil se fazer entender falando espanhol, e principalmente italiano, do que inglês.

O Castelo de Bran é conhecido como o Castelo do Drácula, lugar onde morou o príncipe Vlad Tepes, governador da Valáquia no século XV. Devido à sua crueldade e terror contra os inimigos, Vlad, o Empalador, foi a inspiração para o personagem do Conde Drácula, no livro escrito pelo irlandês Bram Stoker, em 1897. Sinceramente, o castelo é bem normalzinho, simples, sem muitas belezas ou atrativos. Mas vale pela história, pela lenda, por alguns objetos expostos no interior e pela localização no meio das montanhas. Antes da entrada, várias barraquinhas vendem souvenirs explorando a imagem do vampiro famoso mundialmente.
Bem mais imponente e luxuoso é o Castelo Peles, que fica na cidadezinha de Sinaia e serviu como residência de verão do Rei Carol I. Em uma visita guiada, percorre-se os principais recintos da construção. Por fim, a terceira parada foi em Rasnov, que conta com uma vila fortificada construída em 1215 no topo de uma colina, usada para proteger a população de ataques inimigos. Um dos pontos altos do lugar é um poço de 143 metros de profundidade, que diz a lenda foi cavado por dois prisioneiros turcos em um trabalho que demorou 17 anos.

Depois de conhecer as belas paisagens da Transilvânia e viajar três horas de trem, cheguei a Bucareste. A capital romena está longe de ter o charme das outras grandes cidades do Leste Europeu, como Praga ou Budapeste, até por isso recebe menos turistas. Acaba servindo apenas como um ponto de passagem para muitos. Na minha opinião, os três lugares mais interessantes que visitei foram: o centro histórico com suas vielas e bares, a agradável área verde do Parque Cismigiu e o Palatul Parlamentului (Palácio do Parlamento), que é propagandeado como sendo o segundo maior prédio administrativo do mundo (menor apenas do que o Pentágono, nos Estados Unidos).
Fora isso, se houver tempo durante a caminhada para explorar a cidade, vale uma passada no Royal Palace, no Romanian Atheneum, no Teatro Nacional, na igreja Stavropoleos e nas praças (Piata) Universiatii e Unirii, esta última onde fica um grande shopping center.

Vale citar também que, principalmente durante a noite, é bom redobrar a atenção quanto a possíveis roubos, já que a violência urbana é um problema por lá. Um dos países mais pobres da Europa, a Romênia sofre certo preconceito dentro do continente. Mas, da mesma forma que existem os bandidos, picaretas e aproveitadores por lá, também existe muita gente boa, um povo hospitaleiro e disposto a proporcionar ao viajante uma ótima estada. Nós brasileiros, infelizmente, estamos bem acostumados com essa realidade ruim. Mas também sabemos bem do lado bom. Por isso, acabamos tirando de letra qualquer adversidade. É só ser esperto e ter bom senso.
As semelhanças entre Brasil e Romênia não ficam apenas na cor amarela da camisa das duas seleções de futebol, alguns defeitos e virtudes também se parecem. Sabendo fazer prevalecer as coisas boas, tenha certeza que a pouco usual viagem a Bucareste e principalmente à Transilvânia é marcante, é positiva.

Legendas: 1) Piata Sfatului, a praça principal de Brasov - 2) Castelo de Bran, o castelo do Drácula - 3) Castelo Peles, em Sinaia - 4) Vista desde a colina onde está o forte de Brasov - 4) Palatul Parlamentului, em Bucareste

Um comentário:

  1. Boa tarde amigo, Estou indo para Romenia em fevereiro e gostaria de saber se você comprou o ticket para o trem noturno de budapeste para para Brasov na hora ou antecipado pela internet?

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