terça-feira, 16 de março de 2010
Turismo que virou matéria em Liechtenstein
Uma das matérias mais curiosas que fiz aconteceu meio que por acaso, mas foi bem interessante de se fazer. A reportagem sobre a seleção de Liechtenstein saiu na revista “Placar”, em agosto de 2008, e acabou virando uma série sobre países sem tradição no futebol, que continuou sendo publicada nos meses seguintes.
Em junho de 2008, eu estava rodando pela Suíça e Áustria para a cobertura da Eurocopa. Com a credencial de imprensa, tinha direito a circular em qualquer lugar nos dois países de trem ou ônibus sem pagar absolutamente nada. Com isso, aproveitei para conhecer várias cidades nos dias que não tinham jogos ou treinos. Uma dessas viagens que resolvi fazer foi para Vaduz, a capital do Liechtenstein, minúsculo país que fica entre as duas nações sedes da Euro.
Eu estava baseado em Zurique, então peguei um trem, depois um ônibus e cerca de três horas depois estava em Vaduz. A princípio, fui fazer apenas turismo por lá. Mas em poucas horas, conheci o castelo, o palácio, a igreja, a praça, enfim, a cidade toda, ou quase o país todo. Então, fui conhecer o estádio de lá, o Rheinpark. Sem ninguém me incomodar, entrei, subi nas arquibancadas e tirei fotos. O estádio é a sede do Vaduz FC, principal time do país, e também o local onde a seleção nacional manda os seus jogos.
Já pensando que poderia rolar uma matéria, resolvi ir à recepção do estádio tentar alguma coisa. Com orgulho, eles guardam fotos, bolas e camisas de partidas importantes contra grandes seleções européias. Lá, encontrei um argentino, que era empresário de jogadores, e ele me perguntou se eu conhecia o brasileiro Gaspar, jogador do Vaduz FC. Com todo respeito ao Gaspar, eu nunca tinha ouvido falar nele. Foi aí que o cara me contou que o Gaspar era o artilheiro, melhor jogador e ídolo de Liechtenstein. Por sorte, o time do Gaspar ia treinar em alguns minutos nos campos ao lado do estádio.
Então, fiquei por lá, assisti ao treinamento e entrevistei o Gaspar, que foi bastante solícito. No melhor estilo clube do interior, entrei no gramado, tirei fotos, fui até a entrada do vestiário, tudo sem nenhuma reclamação dos liechtensteinenses.
Na conversa com o Gaspar, descobri que boa parte dos jogadores da seleção de Liechtenstein atua pelo Vaduz FC. Como fiquei sabendo disso tarde demais, esses atletas já haviam ido embora. Nesse momento, eu já estava arquitetando na cabeça uma matéria diferente. Vários jogadores da seleção ainda são amadores e têm outros trabalhos, como bancário, encanador, instrutor de academia. Com isso, eu precisaria voltar a Vaduz no dia seguinte para entrevistar esses caras.
Antes de retornar a Zurique, ainda combinei com o Gaspar e fomos à praça central de Vaduz tomar uma cerveja e assistir pelo telão ao jogo Alemanha x Croácia. Nesse tempo, percebi que ele realmente tem muitos fãs no país. Confirmei com ele que voltaria para terminar a matéria no dia seguinte.
Sexta-feira de manhã eu estava de volta ao Liechtenstein para as entrevistas. Falei com o Martin Stocklasa, capitão e atleta com maior número de partidas da seleção, com o Benjamin Fischer, que fez um gol histórico contra Portugal. Meu inglês naquela época ainda era bem regular, mas isso não impediu de a entrevista rolar sem maiores problemas. Os caras estavam bem empolgados e demonstrando vontade de falar sobre o futebol local, sabendo que tudo seria publicado em uma revista brasileira. A liberdade para se trabalhar parecia mesmo de um clube pequeno do interior. Claro, também não poderia ser diferente em um país tão pequeno e sem tradição alguma.
Legendas: 1)Matéria publicada na revista "Placar", em agosto de 2008 - 2)Estádio Rheinpark, em Vaduz - 3)Telão na praça principal de Vaduz transmitindo Alemanha x Croácia, pela Eurocopa
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hauhauhauah nao acredito q vc realmente fez, e ainda por cima usou a dharma huahauha mto bom
ResponderExcluirvou virar visitante frequente
abcssss mcniiiiight
Sensacional Tiago!! Com certeza estarei sempre visitando. Bjosss Márcia Leme
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