quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Mais Israel: praias e baladas em Tel Aviv, o Yom Kippur, flutuação no Mar Morto e exército nas ruas


Tel Aviv é conhecida como uma das cidades que abriga as melhores baladas de música eletrônica do mundo. Além disso, conta com boas praias e um contagiante clima de litoral. Tudo isso unido à beleza das mulheres israelenses já citada no post anterior. Sabendo desta fama da cidade, programamos para estar por lá durante dois dias, sexta-feira e sábado, dias mais agitados para sair à noite. O planejamento quase deu certo. Quase. O “tal” do Yom Kippur não estava nos nossos planos. Estávamos em Tel Aviv no único dia do ano que realmente nada funciona. E isso, claro, também, vale para bares e baladas.
O Yom Kippur é o dia mais sagrado do ano para os judeus, é o feriado do dia do perdão, no qual eles ficam durante 25 horas em jejum e rezando intensamente. Neste período, que começa no pôr do sol do dia que antecede à data oficial, os judeus não podem trabalhar, comer, beber, usar a eletricidade, tomar banho, dirigir, fazer sexo, entre outras coisas. Ou seja, a cidade para, o país para.

Fomos de van de Jerusalém para Tel Aviv, em uma viagem de cerca de 1 hora e meia. Ficamos no hostel Hayarkon 48, uma excelente opção, apesar de ser um pouco mais caro (98 shekels ou 20 euros a diária). Chegamos ao hostel por volta das 16h30 completamente desavisados sobre o feriado, e só caímos na real quando o cara da recepção nos explicou a dimensão do que estava acontecendo. A primeira reação nossa foi de total frustração, sabendo que perderíamos as tão esperadas baladas. Porém, a oportunidade de vivenciar uma data tão importante para Israel e o clima mochileiro e festivo do hostel transformou a nossa decepção inicial em um momento marcante.
Antes mesmo de fazer o check-in, tivemos que correr em um mercado próximo para fazer compras de comida (já que tudo na cidade estaria fechado em poucos minutos) e, claro, fazer um estoque de bebidas também. Sem ter o que fazer na rua, a festa à noite aconteceu no terraço a céu aberto no topo do hostel, com viajantes de diversas partes do mundo, com direito a música, muita vodka, whisky e cerveja, e aquele clima internacional descontraído que só bons hostels podem oferecer.

No dia seguinte, sábado 8 de outubro de 2011, data do feriado de fato, as ruas de Tel Aviv seguiam vazias, sem nenhum movimento de carro e comércios fechados, apenas com ciclistas e pedestres dominando o espaço. Com isso, a grande atração da cidade eram mesmo as praias, sempre repletas de uma mulherada bem interessante e com uma bela vista para o Mar Mediterrâneo. Os estilo das pessoas da cidade é mais descontraído mesmo, você observa bem menos judeus ortodoxos, por exemplo.
Na orla do centro da cidade (que guardadas as devidas proporções lembra bastante o Rio de Janeiro), com grandes hotéis de luxo, ficam as praias de Aviv, Ge’la, Yerushalaym, Trumpeldor, Frishman, Gordon e Bundolo, todas acessíveis com uma caminhada. Em dias normais, quando os bares estão abertos e com música, o movimento é ainda melhor. Mais a Norte da cidade, indo em direção ao porto, fica a praia de Nordau, reservada para judeus ortodoxos, onde em determinados dias da semana só entram mulheres e em outros apenas homens.
Mais a Sul, fica a Cidade Velha de Jaffa, que conta com bons bares e restaurantes. Existem também alguns museus e sinagogas por lá, por exemplo, mas a viagem a Tel Aviv vale mesmo muito mais para se divertir e/ou relaxar aproveitando o clima litorâneo.
Após o pôr do sol de sábado, quando acaba o Yom Kippur, parte da vida por lá volta ao normal. Com isso, conseguimos aproveitar para ir a alguns bares e baladas menores, comprovando a fama da boa vida noturna de Tel Aviv. No domingo pela manhã, pegamos um ônibus de lá para Eilat, por 75 shekels (15 euros) e cinco horas de duração, e depois seguimos viagem para o Egito.

Entrada em Israel – Existem três pontos na fronteira para entrar em Israel vindo da Jordânia, que era o nosso caso. Vale lembrar que, apesar de Israel também estar ao lado de Líbano e Síria, não existe fronteira aberta com esses países devido aos conflitos. Ao Sul, existe um acordo com o Egito e pode-se cruzar a borda em um ponto.
Fizemos a travessia na fronteira Yitzhak Rabin/Wadi Araba, vindo de Aqaba (Jordânia) e entrando em Eilat, Sul de Israel. Chegamos bem cedo e estava bem vazio, o que acelerou nosso tempo na imigração. Mesmo assim, demoramos pouco mais de meia hora para fazer todo o processo, que é bem rígido. Como tínhamos carimbos de Síria e Líbano no passaporte, a oficial fez diversas perguntas em entrevistas individuais em uma sala fechada. Tudo por questão de segurança, temor ao terrorismo, devido às constantes guerras com os inimigos árabes. No caso do Chuck, a preocupação deles foi com o sobrenome alemão. Depois de comprovarmos que éramos humildes viajantes mochileiros, recebemos o visto de entrada no país. Não pagamos nada na fronteira, mas na saída de Israel é cobrado uma taxa de 68 shekels (14 euros).
Dizem que na travessia que fica mais próxima a Jerusalém e Amam o controle de imigração é ainda mais chato, com pessoas que frequentemente esperam por duas horas pelo processo inteiro.
Vale ressaltar que, apesar das perguntas, é possível entrar em Israel com o carimbo de Síria e Líbano no passaporte, mas o caminho inverso não pode ser feito. Além destes dois, outros países árabes impedem a entrada de qualquer pessoa que já tenha visitado Israel, mesmo sendo apenas a turismo.

Mar Morto – Entrando no país logo pela manhã, antes de seguirmos para Jerusalém, passamos para conhecer o Mar Morto, o ponto na Terra mais abaixo do nível do mar (-423 metros), que fica na divisa entre Israel em Jordânia. Pegamos um ônibus da companhia Egged em Eilat (45 shekels ou 9 euros) e depois de cerca de três horas chegamos a Ein Gedi, um dos mais tradicionais pontos para se visitar o Mar Morto. Existem também diversos outros ao longo da costa.
Apesar de ser uma “praia”, não pense que você vai encontrar uma praia de verdade por lá. Até rola tomar sol, mas ao invés de areia, existe uma pequena faixa de pedras. Mas o interessante mesmo é entrar no mar e ficar flutuando. Devido ao excesso de concentração de sal na água (dez vezes maior do que nos demais oceanos) e à densidade, você acaba boiando o seu corpo inteiro involuntariamente. O simples fato de ficar com os pés dentro do mar e a cabeça para fora se torna uma tarefa difícil. De fato, é uma experiência única. A recomendação é para não ficar mais de 15 minutos direto dentro da água. Outra atração do local é passar no corpo a lama de lá, que contém minerais e dizem fazer bem para a saúde. Para fazer tudo isso na praia, obviamente é de graça, mas paga-se se quiser ir a uma reserva natural que existe nas proximidades. Saindo de Ein Gedi, pegamos um ônibus no mesmo dia no final da tarde para Jerusalém.

Impressões gerais – Gostei bastante de Israel, me surpreendi de forma positiva e voltaria facilmente para lá. Depois de ter passado por diversos países árabes, a comparação vira até covardia. Apesar de também ser impossível entender e ler a língua hebraica, a maioria dos israelenses fala inglês e a sinalização nas ruas também usa os dois idiomas.
Apesar de todos os problemas políticos e das guerras, o país é bastante desenvolvido, o povo é educado e acostumado a receber turistas. A mulherada então é sensacional, como já escrevi algumas vezes aqui. Claro, não se pode generalizar, mas a maior parte é assim. Em relação ao resto do Oriente Médio, Israel é uma região bem cara, com o custo para um viajante (hospedagem, alimentação, transporte, baladas) bem perto ao da Europa.
Mas, apesar das semelhanças com países ocidentais, existem também muitas diferenças e situações que estamos pouco acostumados a presenciar por aqui. A principal delas é quanto à segurança e a preocupação deles com terrorismo e guerras. É impressionante o número de militares do exército (ah, as militares israelenses) espalhados pelas ruas. Você vê metralhadoras frequentemente da mesma forma que você vê guarda-chuvas na chuvosa Londres. Aconteceu de eu estar sentado em um ônibus ou em uma lanchonete e um cara sentar ao meu lado com uma dessas metrancas penduradas no pescoço. Lá é a coisa mais normal do mundo. Também vi vários caças voando pelo céu e mísseis perto da fronteira em Eilat apontados para algum inimigo (imaginei que fosse para Gaza ou para o Egito, pela proximidade). Sem falar nos inúmeros detectores de metais e raios-x nas entradas de qualquer prédio público, rodoviária, shopping e coisas do tipo. Para se ter uma ideia da importância do serviço militar em Israel, aos 18 anos todos no país são obrigados a se apresentar e a servir. Homens são recrutados e ficam por três anos e mulheres servem durante dois anos. Só existem raras dispensas em casos excepcionais, se a pessoa não for apta física ou mentalmente.
Os costumes judaicos e de parte da população local são outra coisa que chamam a atenção, mas também não é nada de outro planeta. Vende-se bebida alcoólica e qualquer lugar, narguilé é um hábito no país e restaurantes que servem alimentos kosher (preparados de acordo com a tradição dos judeus, sem a mistura de carne e leite, por exemplo), incluindo alguns McDonald's estão por todas as partes.
Bom, pelo tamanho destes dois posts sobre Israel já dá para ter uma boa noção de quanta coisa interessante o país pode oferecer. Isso porque não tive tempo de ir para lugares como Nazaré, Jericó, Haifa e o Mar da Galileia. Porém fiz uma visita obrigatória à Palestina, mais precisamente a Belém, na Cisjordânia, experiência que será relatada no próximo post.

Legendas: 1) Pôr do sol espectacular em Tel Aviv, com o Mar Mediterrâneo ao fundo - 2) Ruas desertas, sem carro, durante o Yom Kippur na avenida da praia em Tel Aviv - 3)Orla central de Tel Aviv, com praias como Frishman e Gordon beach - 4) Praia em Tel Aviv - 5) Mar Morto visto do lado de Israel, com pessoas flutuando, e a Jordânia do outro lado da costa - 6) Ein Gedi, uma das principais praias do Mar Morto do lado de Israel

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