sexta-feira, 11 de junho de 2010

A liberdade da cobertura jornalística na ginástica


Esse tempo morando em Londres tem servido como um enorme aprendizado pra mim, pessoal e profissionalmente. A oportunidade de estar presente em grandes eventos esportivos não tem preço. Uma das boas experiências que tive no ano passado foi durante a cobertura do Campeonato Mundial de Ginástica Artística, realizado aqui em Londres. A competição durou seis dias, de 13 a 18 de outubro, na O2 Arena, espaço multiuso que também será utilizado na Olimpíada de 2012.
Confesso que ginástica está longe de ser um dos meus esportes favoritos, e até por isso foram dias muito interessantes cobrindo o evento para o “Lance”. É impressionante como é muito mais fácil o acesso da imprensa a atletas em outros esportes, se compararmos com o que acontece hoje em dia no futebol. Claro, eu sei que são pessoas menos assediadas e com menor destaque em relação ao principal esporte do planeta, mas estou falando de um campeonato que reunia os principais nomes da ginástica mundial.

Ao contrário do futebol, que acompanho todos os dias, admito que vejo ginástica olímpica praticamente apenas a cada quatro anos, durante os Jogos Olímpicos. Até por isso, antes de qualquer coisa, me informei bastante sobre tudo que cercava o torneio. Mesmo assim, vale ressaltar a boa vontade dos atletas e comissão técnica brasileira em sempre explicar bem a cada entrevista a pontuação, movimentos e outras peculiaridades do esporte.
Um exemplo da liberdade do trabalho jornalístico nesse caso aconteceu já nos primeiros dias, durante o treino de pódio, que serve para os atletas mostrarem aos juízes os movimentos que apresentarão no dia da competição. Enquanto os ginastas davam as suas piruetas, eu estava dentro da área de competição, bem ao lado dos aparelhos, conversando livremente com atletas e treinadores. Nesse dia, recebi uma “aula” de ginástica do coordenador na seleção brasileira, Leonardo Finco, que foi fundamental para escrever as matérias nos dias seguintes.

Grande esperança do Brasil no torneio, Diego Hypolito buscava o tricampeonato mundial no solo. Um dia antes de sua apresentação na fase classificatória, fui acompanhar o treinamento dele. Logo depois, fiz uma entrevista exclusiva inimaginável no ambiente futebolístico. Conversei com Diego logo na saída da academia do David Beckham, local do treino, e ele aceitou falar sem problemas. No entanto, falou para eu pedir autorização para o Renato Araújo, técnico dele. Autorização concedida e pauta colocada em prática. Entrevistei o Diego por mais de meia hora, no caminho da academia para o hotel. Detalhe que a conversa rolou em um barco no Rio Tâmisa, já que os atletas usavam esse meio de transporte para se locomoverem na capital inglesa. Na chegada ao hotel dos atletas, em frente à Tower Bridge, ainda fiz algumas fotos e gravei em vídeo, para a TV Lance, algumas perguntas com ele, tendo um dos principais pontos turísticos de Londres como pano de fundo.

Durante a competição, tudo bem organizado. Sala de imprensa, tribuna, internet wireless, entrevistas na zona mista e algumas na sala de coletiva, informações de pontuação e classificação sempre disponíveis online ou impressas logo após cada prova. Coisas que são comuns aqui na Europa, muitas delas simples, e que o Brasil precisa aprender um pouco visando Copa do Mundo-2014 e Olimpíada-2016.
Uma das pautas que eu tinha durante esses dias era entrevistar a Nastia Liukin, ganhadora de cinco medalhas olímpicas em Pequim-2008. A missão não era fácil, já que a norte-americana é um dos principais nomes da ginástica mundial. Porém, nada como um negócio bem organizado para facilitar as coisas. Primeiro, achei o número do celular da assessora de imprensa dos Estados Unidos, informação que estava no release enviado por e-mail para todos os jornalistas credenciados. Liguei para ela, encontrei-a na arena e expliquei a pauta. Na mesma hora, ela já ligou para outra assessora, que estava com a Nastia nos vestiários da O2. Trinta minutos depois, eu estava conversando a sós com a ginasta. Na real, eu não sabia direito se eu entrevistava ou convidava ela pra jantar, mas acho que deu tudo certo. Brincadeiras à parte, a Nastia, que não competiu em Londres por estar fora de forma e fez parte da comissão técnica, falou bastante sobre a carreira, bicos como atriz e também sobre a ginástica brasileira.

Outras entrevistas também rolaram bem, como com o romeno Marian Dragulescu, campeão do solo, e com outros brasileiros, como Mosiah Rodrigues, Sérgio Sasaki, Arthur Zanetti, Bruna Leal, Ethiene Franco e com a coordenadora Giorgette Vidor.
O torneio não deixou as melhores lembranças para os brasileiros, principalmente para Diego Hypolito, que cometeu erros e não conseguiu se classificar para a final. Porém, essa cobertura foi mais uma que vou guardar na memória. Espero que muitas outras venham pela frente.

Legendas: 1) local da competição, na O2 Arena - 2) Chinesa dando uma pirueta na trave - 3)Página do "Lance" da entrevista com Diego Hypolito - 4)Ginastas brasileiros reunidos esperando o barco, perto da O2 Arena - 5)A bela norte-americana Nastia Liukin

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