sábado, 19 de junho de 2010

Algarve: opção mais econômica para boas praias e festas no verão europeu


A segunda parte da viagem foi menos histórica e mais curtição, mas nem por isso menos cultural. Afinal, quem disse que praia e cerveja não fazem parte da essência de um país? Brincadeiras à parte, na maioria das vezes você não conhece bem uma país visitando apenas a sua capital, geralmente a mais cosmopolita das cidades. Municípios menores com tradições mais preservadas sempre são uma boa pedida. No nosso caso, escolhemos ir para o Algarve, sul de Portugal, região com belas praias e destino cada vez mais frequente no verão europeu.
Alugamos um carro em Lisboa para fazer a viagem, opção sempre mais econômica quando se está em quatro pessoas, sem falar na comodidade. Se fossemos de ônibus, pagaríamos 20 euros cada um, mais os deslocamentos locais e outros inconvenientes. Rodamos várias cidades por lá, o que seria muito mais complicado sem o carro. As três diárias do aluguel, mais GPS, seguro, taxa por devolver o carro em outro destino e combustível saíram por cerca de 50 euros para cada um. Mas, atenção! Existe uma coisa chamada pedágio. Nosso prejuízo aumentou em mais uns 10 euros para cada por causa de uma “orelhisse”. Saindo de Lisboa, no início da auto-estrada, há uma barreira de pedágio, mas sem ninguém para cobrar. Lá, você deve apenas parar o carro e pegar um ticket na máquina. Ao sair da auto-estrada e chegar ao seu destino, você passa novamente em outro pedágio, este com um cobrador, que informa o valor a ser pago dependendo da distância percorrida. Pois, então. Nosso “atencioso” motorista resolveu ignorar o primeiro pedágio e seguir os carros que passavam direto pela “faixa verde”, uma espécie de “Sem Parar” das estradas paulistas. Aí, já viu. Multa na certa. (Quem mesmo que são os ‘portugueses’?)

Bom, contratempos superados e alguns euros mais pobres, chegamos a Faro, depois de pouco menos de quatro horas. Ficamos hospedados na capital do Algarve e talvez a mais famosa cidade da região, já que o aeroporto internacional fica por ali. Porém, eu não repetiria a escolha se voltasse para lá. Albufeira ou Portimão são opções mais vantajosas para servir de cidade-sede, por motivos que serão citados em seguida. A Praia de Faro não é nem tão bonita, nem tão badalada quanto às dos municípios vizinhos. A vida noturna, então, também fica bem abaixo. Exceção feita à quinta-feira, já que há uma universidade por lá, e nesse dia os estudantes farenses resolvem liberar um pouco as energias durante a noite.

Quarta e quinta-feira durante o dia, pegamos o carro e rodamos algumas praias indicadas pelos funcionários do nosso hostel. Conhecemos Portimão, que fica a cerca de uma hora de Faro, e Albufeira, a meia hora. Na cidade mais afastada, fomos à Praia da Rocha, lugar legal e bem estruturado, mas ainda longe de ter a agitação do pico do verão. Já em Albufeira passamos pela praia de Santa Eulália, um ambiente mais família, e finalmente ficamos na Praia dos Pescadores, nosso QG dos dois dias. Claro que a agitação não se compara ao que encontrei em Ibiza ou na Grécia (afinal fui pra Portugal em maio e para os outros dois países em julho e agosto), mas o lugar era irado também. Público jovem, sol, cerveja, top less... Ahhhh, o verão! Conversando com alguns portugueses e com um brasileiro que mora lá e vende bebida na praia, tivemos a confirmação de que Albufeira era realmente o lugar que mais estava bombando na época. Muitos turistas, principalmente ingleses, costumam freqüentar a região. Durante o dia, praia. À noite, festa nos diversos bares/baladas espalhados pela vilazinha no centro. Outra cidade que parece ser bem interessante por ali é Lagos, que fica um pouco mais adiante, mas não chegamos a ir até lá por falta de tempo.
Escolhas pessoais quanto à cidade à parte, o Algarve sem dúvida é um dos grandes atrativos de Portugal e da Europa durante o verão. Mais barato do que a maioria dos badalados destinos da alta temporada e oferecendo diversão para todos os gostos.

Para terminar esse post duplo sobre Portugal, vou falar sobre um tema que citei no início: o mau-humor dos portugueses. Não vou generalizar, mas é impressionante a falta de educação e a rabugice dos gajos, a forma rude como nós fomos tratados por vendedores de lanchonetes, garçons, funcionários de lojas. Claro, houve algumas exceções durante a viagem, mas foram poucas. Conversando com esses raros casos de boa educação, tivemos uma explicação. Existe de fato um preconceito dos portugueses com os brasileiros. Realmente, são muitos brasucas, mas muitos mesmo, vivendo por lá. E boa parte do nosso povo não é bom exemplo pra ninguém, não são lá dos dez mais certos do mundo. Ilegais, enroladores, gente querendo levar vantagem e até bandidos mesmo. Infelizmente, essa é a realidade de muitos brasileiros que moram no exterior. No entanto, esse cenário de Portugal não é muito diferente do que acontece aqui em Londres. Da mesma forma que existem brasileiros fazendo muita coisa errada, existem vários outros fazendo as coisas certas. Do mesmo jeito que existem ingleses dando bons exemplos, existem ingleses destruindo a tal boa fama da ‘educação britânica’. Generalização é burrice. Neste caso, não seria mais inteligente tratar bem quem visita a sua casa? Não seria melhor conhecer primeiro para, aí sim, ter um conceito bom ou ruim sobre cada pessoa? Se eu fosse cair no mesmo erro deles, acho que eu acreditaria em todas as piadas do Manuel. Mas, não. Sei que ‘algumas’ delas não são verdadeiras. Ora pois.

Legendas: 1)Praia dos Pescadores, em Albufeira - 2)Praia da Rocha, em Portimão - 3)Centro de Faro - 4)Vista aérea da região do Algarve

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Lisboa: mais que um passeio por uma aula de história brasileira


O mais brasileiro _por motivos óbvios_ dos países europeus raramente está entre as prioridades de visita de quem viaja pela Europa. Eu me incluo nesse caso, já que fui pra lá apenas no meu terceiro ano morando no Velho Mundo. No entanto, Portugal reserva boas surpresas e vale ser incluído no roteiro, principalmente para nós brasileiros que fomos colonizados por eles. Além de podermos ver de perto muitas coisas que estudamos no colégio nas aulas de história, é possível perceber de onde vêm muitos de nossos costumes. Mas não é só isso que Portugal pode oferecer. No intervalo da aula: boa comida, praias e uma agradável vida noturna também fizeram parte da minha viagem. O ponto negativo ficou por conta do mau-humor dos portugueses, que será explicado no decorrer desse post duplo.

No final de maio deste ano, aproveitei para conhecer Lisboa e a região do Algarve logo depois de uma viagem a Madri, na Espanha, onde tinha ido para a final da Champions League. Fiquei cinco noites por lá, junto com os amigos Alex, Nelber e Suelen. Cheguei a Lisboa no domingo pela manhã e tivemos dois dias e meio para conhecer a capital, que, apesar de ser uma cidade grande, ainda reserva ares provincianos. Comparando-se com a média européia, Portugal é um país barato. Pudemos comprovar isso logo de cara no albergue que ficamos, o Kitsch Hostel, onde pagamos apenas 12 euros a diária, preço mais do que justo para uma boa e bem localizada acomodação, na Praça dos Restauradores. Também fizemos algumas boas refeições na rua gastando pouco, entre 5 e 7 euros por um prato com peixe, como o tradicional bacalhau, mais acompanhamentos. Achamos até um lugar onde almoçamos à brasileira: arroz, feijão, bife e ovo, nessa mesma média de preço

O primeiro passeio foi na região onde estão as atrações mais interessantes da cidade, o Belém. O bairro fica a cerca de 15min do centro e para se chegar lá basta pegar um tram, vulgo bonde, ou elétrico na língua portuguesa dos gajos. Para começar, fotos na Torre de Belém, que é uma parada obrigatória. A construção, às margens do Rio Tejo, é um símbolo de Portugal da era dos descobrimentos através de suas expedições marítimas. Pagamos 7 euros para entrar no Mosteiro dos Jerônimos, uma imponente construção histórica, onde estão os túmulos de Fernando Pessoa, Vasco da Gama e Luís Camões. Se bem que, os restos mortais desses dois últimos estão dentro da igreja anexa ao complexo, onde não é preciso pagar pela visita. Próximo dali, também está o monumento Padrão dos Descobrimentos, em frente à Praça do Império. Tão imperdível quanto essa parte histórica é comer o pastel de Belém, feito de nata, e vendido por apenas 0,90 centavos numa tradicional lojinha.
Domingo à noite ainda serviu para subirmos e descermos ladeiras e darmos uma volta pelo Bairro Alto, região boêmia da cidade, repleta de vários barzinhos. Claro que o local não estava tão cheio como costuma ser nas sextas-feiras e sábados, mesmo assim foi possível tomar mais de um imperial, como eles chamam o copo de cerveja por lá. Também demos uma passada no bar A Brasileira, que fica no Chiado e era freqüentado por Fernando Pessoa. No local, há até uma estátua do escritor brasileiro

O segundo dia foi reservado para um passeio em Cascais, município vizinho a Lisboa, que conta com badaladas praias e mansões dos endinheirados. Por 1,70 euros cada trecho, pegamos um trem na estação Cais do Sodré e em cerca de 40 minutos descemos em Estoril, seguindo recomendação da recepcionista do hostel. De lá, caminhamos beirando a praia por no máximo meia hora, rodeados por uma agradável paisagem, até atingirmos Cascais. Mesmo ainda não sendo o pico do verão, o calor que fazia por lá já foi suficiente para ficarmos várias horas deitados na areia da praia. Mas não suficiente para entrar na gelada água do mar. Poucos se arriscaram. Também conhecemos o centrinho de Cascais e uma formação rochosa beira-mar conhecida como Boca do Inferno. A noite novamente foi reservada ao Bairro Alto, dessa vez com uma ida à Tasca do Chico, tradicional bar onde presenciamos um show de fado. Na real, alguns minutos ali foram suficientes para conhecermos a tradicional musical portuguesa, já que o fado não é dos dez estilos mais animados do mundo. Então, fomos pra outros bares em busca de algo mais, mais, mais... Bom, em busca de algo mais.
Antes de deixarmos Lisboa, ainda tivemos a manhã de terça-feira para fazer um tour nos principais pontos turísticos concentrados na região central, como a Catedral da Sé, o Castelo de São Jorge, as praças do Comércio, do Rossio e da Figueira, além das ruas de Alfama e da Baixa. Nesse caminho, não era raro se deparar com estátuas de personagens que construíram a história brasileira, como Dom João, Dom Pedro. Depois do almoço, partimos em direção ao sul do país. E a continuação da viagem vem no próximo post...

Legendas: 1) Torre de Belém - 2)Catedral da Sé - 3)Praça da Figueira com Castelo de São Jorge no alto ao fundo - 4)Cascais

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A liberdade da cobertura jornalística na ginástica


Esse tempo morando em Londres tem servido como um enorme aprendizado pra mim, pessoal e profissionalmente. A oportunidade de estar presente em grandes eventos esportivos não tem preço. Uma das boas experiências que tive no ano passado foi durante a cobertura do Campeonato Mundial de Ginástica Artística, realizado aqui em Londres. A competição durou seis dias, de 13 a 18 de outubro, na O2 Arena, espaço multiuso que também será utilizado na Olimpíada de 2012.
Confesso que ginástica está longe de ser um dos meus esportes favoritos, e até por isso foram dias muito interessantes cobrindo o evento para o “Lance”. É impressionante como é muito mais fácil o acesso da imprensa a atletas em outros esportes, se compararmos com o que acontece hoje em dia no futebol. Claro, eu sei que são pessoas menos assediadas e com menor destaque em relação ao principal esporte do planeta, mas estou falando de um campeonato que reunia os principais nomes da ginástica mundial.

Ao contrário do futebol, que acompanho todos os dias, admito que vejo ginástica olímpica praticamente apenas a cada quatro anos, durante os Jogos Olímpicos. Até por isso, antes de qualquer coisa, me informei bastante sobre tudo que cercava o torneio. Mesmo assim, vale ressaltar a boa vontade dos atletas e comissão técnica brasileira em sempre explicar bem a cada entrevista a pontuação, movimentos e outras peculiaridades do esporte.
Um exemplo da liberdade do trabalho jornalístico nesse caso aconteceu já nos primeiros dias, durante o treino de pódio, que serve para os atletas mostrarem aos juízes os movimentos que apresentarão no dia da competição. Enquanto os ginastas davam as suas piruetas, eu estava dentro da área de competição, bem ao lado dos aparelhos, conversando livremente com atletas e treinadores. Nesse dia, recebi uma “aula” de ginástica do coordenador na seleção brasileira, Leonardo Finco, que foi fundamental para escrever as matérias nos dias seguintes.

Grande esperança do Brasil no torneio, Diego Hypolito buscava o tricampeonato mundial no solo. Um dia antes de sua apresentação na fase classificatória, fui acompanhar o treinamento dele. Logo depois, fiz uma entrevista exclusiva inimaginável no ambiente futebolístico. Conversei com Diego logo na saída da academia do David Beckham, local do treino, e ele aceitou falar sem problemas. No entanto, falou para eu pedir autorização para o Renato Araújo, técnico dele. Autorização concedida e pauta colocada em prática. Entrevistei o Diego por mais de meia hora, no caminho da academia para o hotel. Detalhe que a conversa rolou em um barco no Rio Tâmisa, já que os atletas usavam esse meio de transporte para se locomoverem na capital inglesa. Na chegada ao hotel dos atletas, em frente à Tower Bridge, ainda fiz algumas fotos e gravei em vídeo, para a TV Lance, algumas perguntas com ele, tendo um dos principais pontos turísticos de Londres como pano de fundo.

Durante a competição, tudo bem organizado. Sala de imprensa, tribuna, internet wireless, entrevistas na zona mista e algumas na sala de coletiva, informações de pontuação e classificação sempre disponíveis online ou impressas logo após cada prova. Coisas que são comuns aqui na Europa, muitas delas simples, e que o Brasil precisa aprender um pouco visando Copa do Mundo-2014 e Olimpíada-2016.
Uma das pautas que eu tinha durante esses dias era entrevistar a Nastia Liukin, ganhadora de cinco medalhas olímpicas em Pequim-2008. A missão não era fácil, já que a norte-americana é um dos principais nomes da ginástica mundial. Porém, nada como um negócio bem organizado para facilitar as coisas. Primeiro, achei o número do celular da assessora de imprensa dos Estados Unidos, informação que estava no release enviado por e-mail para todos os jornalistas credenciados. Liguei para ela, encontrei-a na arena e expliquei a pauta. Na mesma hora, ela já ligou para outra assessora, que estava com a Nastia nos vestiários da O2. Trinta minutos depois, eu estava conversando a sós com a ginasta. Na real, eu não sabia direito se eu entrevistava ou convidava ela pra jantar, mas acho que deu tudo certo. Brincadeiras à parte, a Nastia, que não competiu em Londres por estar fora de forma e fez parte da comissão técnica, falou bastante sobre a carreira, bicos como atriz e também sobre a ginástica brasileira.

Outras entrevistas também rolaram bem, como com o romeno Marian Dragulescu, campeão do solo, e com outros brasileiros, como Mosiah Rodrigues, Sérgio Sasaki, Arthur Zanetti, Bruna Leal, Ethiene Franco e com a coordenadora Giorgette Vidor.
O torneio não deixou as melhores lembranças para os brasileiros, principalmente para Diego Hypolito, que cometeu erros e não conseguiu se classificar para a final. Porém, essa cobertura foi mais uma que vou guardar na memória. Espero que muitas outras venham pela frente.

Legendas: 1) local da competição, na O2 Arena - 2) Chinesa dando uma pirueta na trave - 3)Página do "Lance" da entrevista com Diego Hypolito - 4)Ginastas brasileiros reunidos esperando o barco, perto da O2 Arena - 5)A bela norte-americana Nastia Liukin

De volta!!!

Meus caros,

Peço desculpas pela ausência temporária deste blog. Foram semanas muito corridas para mim, por causa de trabalhos, viagens e um pouco de vagabundagem também. Nesse tempo, estive em Madri, para a final da Champions League, e também em Portugal. Em breve, escreverei sobre esses destinos. Mas agora estou de volta e prometo postar com mais frequência. Logo em seguida já estou mandando um post novo.
Obrigado e conto com a visita de todos.
Cheers!