sábado, 14 de maio de 2011

Zermatt e o monte Matterhorn: um paraíso de inverno encravado nos Alpes Suíços


Não sei explicar exatamente o porquê, mas conhecer a Suíça, mais precisamente os Alpes Suíços, era um sonho de infância. Esse negócio de ver neve, algo que não existe no Brasil (aquelas espumas que caem de vez em nunca no Sul não conta), me fascinava. Eu já tinha visto neve pela primeira vez na Patagônia argentina, mas tive a oportunidade de realizar aquele desejo de criança anos depois.

Para ir às principais montanhas da Suíça, contei com um pouco de sorte, um pouco de ousadia e um pouco dos benefícios que ser jornalista nos dá. Era junho de 2008, e eu estava como freelancer cobrindo a Eurocopa na Áustria e na Suíça. Com a credencial de imprensa, eu não pagava nenhum trem ou transporte terrestre entre as cidades desses dois países durante todo o período da competição. E ainda tinha desconto em vários teleféricos para subir nos Alpes. Isso ajudou muito, porque esses meios de transporte não são nada baratos por lá. Então, aproveitei o tempo livre entre os jogos de futebol para conhecer mais lugares na Europa.

A cidadezinha de Zermatt e a montanha de Matterhorn foram o primeiro destino escolhido. Eu estava em Zurique, peguei o trem de lá com troca em Visp, em um trajeto total que demora 3 horas. É um percurso daqueles que não se deve dormir, já que a paisagem vista pela janela é espetacular. Para ser sincero, não sei direito os preços, mas o site da companhia ferroviária (www.sbb.ch) é bem completo. Zermatt também é o ponto final do famoso trem turístico Glacier Express, que começa em St. Moritz ou Davos. Para quem pretende chegar lá de carro, é obrigatório estacionar na cidade de Täsch, 5 km antes, já que automóveis não circulam nas ruazinhas. Viajei sozinho e fiquei uma noite no Matterhorn Hostel, por 20 euros a diária.
Zermatt é minúsculo, parece um vilarejo, com cerca de 6 mil habitantes, que se multiplicam durante o inverno. A cidade encravada no meio das montanhas é agradável, com aquele cenário de casinhas tipo chalés de madeira com telhados triangulares e picos nevados ao fundo. No dia que cheguei, estava rolando uma banda local com música típica e umas barraquinhas vendendo comida e cerveja. Na pracinha central, há uma igreja e nas ruas próximos diversos restaurantes, barzinhos e lojas.

Mas a grande atração, claro, fica um pouco mais acima. O Matterhorn é a montanha mais famosa da Suíça, vista de quase qualquer ponto da cidade. Com 4.478 metros de altitude, é um símbolo do país, representado também em alguns produtos famosos, como o chocolate Toblerone, por exemplo. Para subir no Matterhorn, apenas poucos corajosos escaladores conseguem o feito. Mas nós meros viajantes podemos subir de teleférico em montanhas próximas para ter uma bela vista do pico.

Existem várias opções de trajetos para ir ao alto das montanhas, mas o principal deles é o Matterhorn Glacier Paradise (ao custo de 90 francos suíços, cerca de 70 euros, o preço inteiro, sem o desconto para quem tiver passes especiais). Neste, você sobe em duas etapas de bondinho, a primeira até Schwarzsee (onde há um restaurante), e depois atinge o Klein Matterhorn, um pico a 3.883 metros de altitude, o mais alto da Europa a ser alcançado de teleférico. Lá no alto, além de neve para todos os lados, você também pode visitar um “palácio de gelo”, uma espécie de caverna com vários objetos moldados com gelo. Para quem gosta ou pelo menos quer tentar esquiar, existe a possibilidade de alugar equipamentos e roupas de esqui antes da subida. Mas também é possível ir com trajes normais e apenas caminhar pela neve, correndo o risco de ter o pé molhado e congelado dependendo de suas peripécias.

Eu fui pra lá no verão, em junho, mesmo assim as montanhas estão todas completamente brancas (vide fotos), e boa parte das pistas de esqui estão abertas também. Lá em cima, peguei temperatura de cerca de 2 graus negativos. Lá em baixo, na cidade, onde só neva no inverno, peguei entre 10 e 15 graus Celsius.
Para os mais esportistas, existem diversas outras opções em qualquer estação do ano. Além de várias pistas de esqui, snowboard e derivados, alguns pontos podem ser atingidos com caminhadas ou trekking. Também é possível fazer escaladas, alugar bicicletas e até passeios de helicóptero. No site oficial de Zermatt (www.zermatt.ch) há boas explicações sobre esse paraíso nos Alpes.
Nos próximos posts escreverei um pouco mais sobre outras cidades suíças. Zurique, Berna, Genebra, Basel, Neuchatel, Lugano, Interlaken, Grindelwald, Jungfrau e região são alguns dos lugares que a Euro-2008 me proporcionou conhecer.

Legendas: 1) Matterhorn, a montanha mais famosa da Suíça, representada no chocolate Toblerone - 2) Vista das montanhas e muita neve nos Alpes Suíços - 3) Plataforma de observação em Matterhorn Klein, a 3.883 metros de altitude - 4) Restaurante em Schwarzsee, a primeira etapa na subida do Matterhorn Glacier Paradise - 5) Cidade de Zermatt, encravada no meio das montanhas, vista do teleférico - 6) Ruazinhas de Zermatt

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