terça-feira, 17 de maio de 2011

Interlaken e região de Jungfrau: a viagem de trem por dentro dos Alpes da Suíça até o topo da Europa


São várias pequenas cidades que se espalham pelos Alpes Suíços, mas a mais visitada chama-se Interlaken. Localizada entres os lagos Thun e Birenz, Interlaken (entre os lagos, em português) é de mais fácil acesso e possui um maior número de atrações ao seu redor do que Zermatt, por isso talvez seja o destino de inverno mais comum do país. Bem difícil fazer uma escolha entre as duas, eu diria que ambas são imperdíveis, possuem muitas semelhanças e diferenças.
Além de ser também um agradável vilarejo tipicamente suíço, Interlaken oferece uma diversidade de passeios. Os principais são a região de Jungfrau (que engloba os montes Jungfrau, Eiger e Mönch), mais precisamente o pico de Jungfraujoch, uma fantástica estação de esqui a 3.471 metros de altitude; e o Schilthorn, montanha que abriga um interessante restaurante giratório, cenário do filme “007, A Serviço Secreto de Sua Majestade”. As cidadezinhas de Grindelwald, Mürren e Lauterbrunnen também são outras atrações.

Fui pra lá em junho de 2008, quando estava cobrindo a Eurocopa no país. Como contei no post anterior, com a credencial de jornalista tive a enorme vantagem de não pagar nenhum trem e ter bons descontos nos teleféricos, que são bem caros por sinal. Fui com o amigo Alexandre Coutinho e saímos de Zurique, em viagem ferroviária que dura 2 horas, com troca de trem em Berna. Ficamos uma noite no hostel Balmer`s Herbege, por 16 euros cada um a diária, uma excelente opção. Além de boas instalações, o albergue conta com um bar, uma pequena balada no subsolo e um espaço ao ar livre onde rolam festas, o que contribui bem para o descolado clima mochileiro do local.

A cidade de Interlaken em si até conta com uma boa estrutura de restaurantes (vale sempre lembrar que a Suíça é um país caro, nada fácil de encontrar lugares baratos para comer, por exemplo), hotéis, comércio em geral e até um cassino para atender a demanda de turistas, mas é apenas a base e ponto de partida para subir nas montanhas que a rodeiam. A estação de trem chamada Interlaken Ost é o lugar onde se inicia a viagem a paraísos com muita neve.
O pico de Jungfraujoch é um dos destinos mais espetaculares, chamado de ‘Top of Europe’ por possuir a estação de trem mais elevada do continente, a 3.454 metros de altura. Saindo de Interlaken e com baldeação em Grindelwald ou Lauterbrunnen, e depois também em Kleine Scheidegg, boa parte da ferrovia (a Jungfraubahn) se estende por túneis construídos por dentro das montanhas. Realmente impressionante. Lá no alto, localiza-se a plataforma de observação de Sphinx, onde o público pode ter vistas maravilhosas dos Alpes. Mesmo no verão, há muita neve para todos os lados, peguei temperatura de 5 graus negativos lá em cima. O local é bem estruturado com restaurante, lojinha e outros entretenimentos. Simplesmente espetacular também é o glaciar Aletsch, uma espécie de rio congelado que fica entre as montanhas ali.

É bom se programar e acordar bem cedo para pegar o trem, já que demora 2h20 só o trecho de subida, mais umas 2 horas a descida, fora o tempo que você passa lá no topo. Reserve no mínimo seis ou sete horas do dia para tudo. A primeira partida de Interlaken acontece por volta de 6h30, e a última volta saindo de Jungfraujoch é umas 17h45. O preço do trajeto total é bem salgado: 186 francos suíços, equivalente a 133 euros (Ah, se não fosse a credencial...). Vale lembrar que alguns passes especiais de trem também podem dar descontos.

Schilthorn é a outra principal montanha da região, a 2.970 metros de altitude. Além da paradisíaca vista lá de cima, a outra grande atração é o restaurante giratório Piz Gloria, onde você pode comer observando a 360 graus todos os detalhes dos deslumbrantes Alpes Suíços. Ao contrário do que se pode imaginar, a refeição tem um preço bem acessível no local. Na lojinha de souvenirs, claro, não faltam produtos fazendo referência ao famoso agente secreto 007, que teve um de seus filmes gravados por lá em 1969. Para se chegar ao topo, se pega um trem de Interlaken até Mürren, e depois um teleférico. O trajeto de ida dura cerca de 1 hora, e o preço total de ida e volta custa 109 francos, ou 78 euros.
Grindelwald, Mürren e Lauterbrunnen são cidadezinhas localizadas no meio do caminho entre Interlaken e as duas montanhas acima citadas. Grindelwald talvez seja a mais conhecida delas, mas todas contam com os seus atrativos. Possuem chalés de madeira típicos do país, com grandes áreas verdes (ou brancas durante o inverno rigoroso), onde vaquinhas com sinos pendurados no pescoço curtem a pacata vida pelos campos. Bons restaurantes com pratos regionais, fondues e chocolates suíços também fazem a alegria dos viajantes por lá. Em Lauterbrunnen existe uma enorme cachoeira com 300 metros de altura, a Staubbach, que vale uma visita.

Assim como em Zermatt, Interlaken e região também proporcionam diversos tipos de esportes tanto no inverno quanto no verão, com guias especializados para os mais amadores e desafios ousados para os mais experientes. Esqui, snowboard, bicicleta, caminhadas, entre outros podem ser praticados de acordo com o interesse de cada um nos lugares já mencionados.

A natureza presente nos Alpes da Suíça, como tentei explicar nestes dois últimos posts, certamente é algo fascinante. São belezas naturais de inverno, bem diferentes das também espetaculares maravilhas de verão que temos no Brasil e em outras nações da Europa. Ainda escreverei mais sobre outras cidades, mas este certamente é o grande motivo que atrai turistas a este interessante país. E bota interessante nisso, começando pelo “simples” fato de haver quatro línguas oficiais por lá: alemão, francês, italiano e romanche. Idioma, chocolate, queijo, pontualidade, relógio, neutralidade política e outras curiosidades suíças ainda serão abordadas por aqui...

Legendas: 1) Montanha Jungfraujoch, com plataforma de observação de Sphinx a fundo - 2) Glaciar Aletsch, ao lado de Jungfraujoch - 3) Trem e ferrovia de Jungfrau, por dentro das montanhas - 4) Restaurante giratório Piz Gloria, no topo de Schilthorn - 5) Vista dos Alpes Suíços e do teleférico do alto de Schilthorn - 6) Cidadezinha de Mürren - 7) Cachoeira Staubbach, em Lauterbrunnen

sábado, 14 de maio de 2011

Zermatt e o monte Matterhorn: um paraíso de inverno encravado nos Alpes Suíços


Não sei explicar exatamente o porquê, mas conhecer a Suíça, mais precisamente os Alpes Suíços, era um sonho de infância. Esse negócio de ver neve, algo que não existe no Brasil (aquelas espumas que caem de vez em nunca no Sul não conta), me fascinava. Eu já tinha visto neve pela primeira vez na Patagônia argentina, mas tive a oportunidade de realizar aquele desejo de criança anos depois.

Para ir às principais montanhas da Suíça, contei com um pouco de sorte, um pouco de ousadia e um pouco dos benefícios que ser jornalista nos dá. Era junho de 2008, e eu estava como freelancer cobrindo a Eurocopa na Áustria e na Suíça. Com a credencial de imprensa, eu não pagava nenhum trem ou transporte terrestre entre as cidades desses dois países durante todo o período da competição. E ainda tinha desconto em vários teleféricos para subir nos Alpes. Isso ajudou muito, porque esses meios de transporte não são nada baratos por lá. Então, aproveitei o tempo livre entre os jogos de futebol para conhecer mais lugares na Europa.

A cidadezinha de Zermatt e a montanha de Matterhorn foram o primeiro destino escolhido. Eu estava em Zurique, peguei o trem de lá com troca em Visp, em um trajeto total que demora 3 horas. É um percurso daqueles que não se deve dormir, já que a paisagem vista pela janela é espetacular. Para ser sincero, não sei direito os preços, mas o site da companhia ferroviária (www.sbb.ch) é bem completo. Zermatt também é o ponto final do famoso trem turístico Glacier Express, que começa em St. Moritz ou Davos. Para quem pretende chegar lá de carro, é obrigatório estacionar na cidade de Täsch, 5 km antes, já que automóveis não circulam nas ruazinhas. Viajei sozinho e fiquei uma noite no Matterhorn Hostel, por 20 euros a diária.
Zermatt é minúsculo, parece um vilarejo, com cerca de 6 mil habitantes, que se multiplicam durante o inverno. A cidade encravada no meio das montanhas é agradável, com aquele cenário de casinhas tipo chalés de madeira com telhados triangulares e picos nevados ao fundo. No dia que cheguei, estava rolando uma banda local com música típica e umas barraquinhas vendendo comida e cerveja. Na pracinha central, há uma igreja e nas ruas próximos diversos restaurantes, barzinhos e lojas.

Mas a grande atração, claro, fica um pouco mais acima. O Matterhorn é a montanha mais famosa da Suíça, vista de quase qualquer ponto da cidade. Com 4.478 metros de altitude, é um símbolo do país, representado também em alguns produtos famosos, como o chocolate Toblerone, por exemplo. Para subir no Matterhorn, apenas poucos corajosos escaladores conseguem o feito. Mas nós meros viajantes podemos subir de teleférico em montanhas próximas para ter uma bela vista do pico.

Existem várias opções de trajetos para ir ao alto das montanhas, mas o principal deles é o Matterhorn Glacier Paradise (ao custo de 90 francos suíços, cerca de 70 euros, o preço inteiro, sem o desconto para quem tiver passes especiais). Neste, você sobe em duas etapas de bondinho, a primeira até Schwarzsee (onde há um restaurante), e depois atinge o Klein Matterhorn, um pico a 3.883 metros de altitude, o mais alto da Europa a ser alcançado de teleférico. Lá no alto, além de neve para todos os lados, você também pode visitar um “palácio de gelo”, uma espécie de caverna com vários objetos moldados com gelo. Para quem gosta ou pelo menos quer tentar esquiar, existe a possibilidade de alugar equipamentos e roupas de esqui antes da subida. Mas também é possível ir com trajes normais e apenas caminhar pela neve, correndo o risco de ter o pé molhado e congelado dependendo de suas peripécias.

Eu fui pra lá no verão, em junho, mesmo assim as montanhas estão todas completamente brancas (vide fotos), e boa parte das pistas de esqui estão abertas também. Lá em cima, peguei temperatura de cerca de 2 graus negativos. Lá em baixo, na cidade, onde só neva no inverno, peguei entre 10 e 15 graus Celsius.
Para os mais esportistas, existem diversas outras opções em qualquer estação do ano. Além de várias pistas de esqui, snowboard e derivados, alguns pontos podem ser atingidos com caminhadas ou trekking. Também é possível fazer escaladas, alugar bicicletas e até passeios de helicóptero. No site oficial de Zermatt (www.zermatt.ch) há boas explicações sobre esse paraíso nos Alpes.
Nos próximos posts escreverei um pouco mais sobre outras cidades suíças. Zurique, Berna, Genebra, Basel, Neuchatel, Lugano, Interlaken, Grindelwald, Jungfrau e região são alguns dos lugares que a Euro-2008 me proporcionou conhecer.

Legendas: 1) Matterhorn, a montanha mais famosa da Suíça, representada no chocolate Toblerone - 2) Vista das montanhas e muita neve nos Alpes Suíços - 3) Plataforma de observação em Matterhorn Klein, a 3.883 metros de altitude - 4) Restaurante em Schwarzsee, a primeira etapa na subida do Matterhorn Glacier Paradise - 5) Cidade de Zermatt, encravada no meio das montanhas, vista do teleférico - 6) Ruazinhas de Zermatt