segunda-feira, 25 de abril de 2011
Budapeste: dos banhos termais às influências históricas, a diversificada capital da Hungria
Fundada pelos romanos, ocupada pelos magiares, dominada pelos turco-otomanos, invadida pelos nazistas e tomada pelos comunistas soviéticos. Esta é Budapeste, a capital da Hungria, hoje um território livre e independente. Uma das cidades mais interessantes do Leste Europeu (em minha opinião, a mais interessante), e por que não, de toda a Europa.
Talvez por sua história de conflitos e superação, um dos povos mais simpáticos do continente. Talvez por ter sido dominada por tantos povos, uma cidade que mistura as mais distintas características. O velho com o novo. O conservadorismo com a modernidade. Os tradicionais banhos termais com piscinas no verão. Fato é que, seja por suas construções, pela sua população ou pela agitação, Budapeste é um dos destinos que eu considero obrigatório na Europa. Gostei bastante de lá.
Estive na capital húngara em julho de 2009, com os amigos Gabriel e Suelen. Fiquei dois dias inteiros por lá, mas por muito pouco não troquei minha passagem para ficar mais tempo. Só não fiz isso porque o cronograma para a sequência da viagem estava apertado. Vindo de Praga e depois indo para a Romênia (ambos os trajetos feitos de trem noturno, de 6 a 7 horas de duração), cheguei e saí da cidade de trem, na estação Keleti, de fácil acesso e ligada ao centrão por linha de metrô ou até mesmo por uma caminhada de cerca de 20 minutos. Ficamos no hostel Central Backpack King, pagando apenas 10 euros a diária. Lugar pequeno e simples, mas hospitaleiro, agradável e bem localizado.
Budapeste é cortada no meio pelo Rio Danúbio, que a divide em duas áreas: Buda e Peste, que antes eram duas cidades separadas, unificadas em 1873. Buda é onde estão as atrações mais históricas e culturais, Peste é onde fica a parte mais comercial e badalada. Apesar da divisão, quase tudo dos dois lados pode ser alcançado a pé se você tiver com o fôlego em dia. Para alguns locais, vale a pena pegar o antigo e eficiente metrô. A ligação entre as duas áreas da capital é feita por pontes, a principal e mais antiga delas, na parte central, é a Széchenyi Lánchíd (Ponte das Correntes).
Do lado de Buda, ao fundo da ponte, avista-se o imponente Palácio Real, ou Palácio de Buda, localizado no alto de um morro (Castle Hill, ou Varhégy). Para subir até lá, é possível ir andando, ou pagando-se um funicular para os mais preguiçosos. A vista lá do alto já vale bastante, já que você tem uma visão de quase toda a cidade, do rio e das principais grandes construções. Para quem quer se aprofundar na história e na arte, pode-se desembolsar alguns forints e entrar no palácio, que abriga museus, como a Galeria Nacional Húngara. Nos arredores, também pode-se visitar as ruínas de um forte romano ou um labirinto de túneis e cavernas.
Ainda na parte alta de Buda, seguindo-se um pouco mais à frente, está a praça central da região, a Szentháromság tér (Vai tentar falar esse palavrão lá pra ver se dá certo. Na dúvida, mete um Central Square em inglês que eles entendem). Bem ao lado, ficam a igreja Mátyás-Templom e o Fishermen`s Bastion, uma espécie de terraço, bonita construção, também com uma bela vista para a cidade.
Do lado de Peste, os destaques são o imponente prédio do Parlamento, com arquitetura inspirada no Parlamento inglês, e a Basílica Szent István (São Estevão). A Vörösmarty tér é uma movimentada praça com várias lojas, restaurantes e cafés ao redor. A principal avenida é a Andrássy ut, que conta com bonitas construções em suas margens, além de atrações como a Ópera e o Museu do Terror. Ao final dela, está a Hosök tere (Praça dos Heróis), com os monumentos Milenar e dos Heróis Nacionais. Ao lado, há o Museu de Belas Artes. Atrás da praça, fica o agradável City Park, área verde que abriga o zoológico, um castelo (Vajdahunyad) e um dos principais banhos termais da cidade.
Por falar em banhos termais, este é um programa que precisa estar no roteiro de qualquer forma, seja no frio ou no calor. Existem dezenas deles espalhados por Budapeste, é uma tradição local. É uma espécie de clube, no qual você paga uma entrada que te dá direito a algumas horas no local, que conta com diversas piscinas com águas medicinais das mais variadas temperaturas. Fui ao Széchenyi, acho que o maior da cidade, localizado no City Park. Essa terma conta com muitas piscinas e banheiras hidromassagens indoors e uma boa área ao ar livre com piscinas grandes, ótima escolha durante o verão. O público é bem variado, desde senhoras com a família e crianças até jovens sorridentes húngaras, essas últimas são sempre uma boa opção para pegar “informação” sobre a balada à noite. Outro banho termal bastante conhecido por lá é o Gellért, que fica dentro de uma construção em Art Nouveau com colunas de mármore.
As atrações noturnas também são bem diversificadas e, como em qualquer lugar, vale perguntar no hostel sobre o que está bombando na época. Principalmente no verão, bares e baladas com espaço a céu aberto na beira do rio costumam ser os melhores, e alguns também na Margit sziget (Margaret Island), uma ilha no meio do Danúbio. No centro de Peste também há bastante agitação, me lembro de um pub/balada chamado Morrison`s.
Seja durante o dia ou à noite, seja você uma pessoa tranqüila ou agitada, certamente você vai encontrar uma atração que se encaixe ao seu perfil em Budapeste. E mesmo que você não compreenda uma só palavra do complicadíssimo idioma húngaro durante a viagem, você vai entender um pouco mais sobre uma cultura diversificada, seja apreciando uma obra de arte dentro de um museu ou tomando uma cerveja com os moradores locais.
Legendas: 1) Széchenyi Lánchíd (Ponte das Correntes), com o Palácio Real (de Buda), ao fundo - 2) Vista da cidade do alto do Castle Hill - 3) Basílica Szent István (São Estevão) - 4) Banho termal de Széchenyi - 5) Budapeste à noite, desde a ponte de Margaret Island
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Mônaco: um passeio pelas ruas do minúsculo e elegante principado, onde se respira Fórmula 1
Não tem como falar em Mônaco e não pensar em Fórmula 1. É a primeira associação que vem à cabeça. De fato, muita coisa por lá gira em torno do evento automobilístico. Além disso, a curiosidade de ser um minúsculo principado de área menor do que 2km², um país dentro de outro país (França), um país com dez cidades que, na verdade, mais parece ser uma cidadezinha com dez bairros. Essas peculiaridades sempre me despertaram a vontade de conhecer Mônaco.
Estive lá em agosto de 2010, foi uma day-trip saindo de Nice. Como hospedagem em Mônaco é bem caro, o ideal mesmo é dormir na cidade francesa e passar o dia no país vizinho. Nós fomos de ônibus, que demora apenas 45 minutos e custa só 1 euro cada trecho. Também há a opção de ir de trem. Muitas das coisas escritas no post anterior se aplicam a este, mas vamos às dicas sobre como aproveitar o país.
As cinco principais cidades de Mônaco são: Monte Carlo, Monaco-Ville, La Condamine, Fontvielle e Larvotto. Todos os pontos de interesse podem ser alcançados com uma caminhada, mas, no caso de o cansaço bater, já que o relevo é montanhoso, existem eficientes linhas de ônibus. Chegamos em La Condamine, onde fica o porto velho, na avenida principal do país, local da largada, da chegada e dos boxes da Fórmula 1. Por ali, vários iates e barcos gigantescos ancorados são o pano de fundo da avenida, com um movimentado calçadão ao lado, onde alguns restaurantes e um pequeno parque de diversões infantil (com brinquedos que fazem alusão à F-1) agitam a região. Apesar do alto preço por ali, existem opções um pouco mais acessíveis de comida, principalmente lanches, como pizza e sanduíches.
Dali, saímos andando pelas famosas ruas do principado onde o brasileiro Ayrton Senna fez história, agora já se estendendo para Monte Carlo, ruas que no mês de maio de todos os anos transformam-se em pista de corrida. Fizemos praticamente todo o circuito de F-1 a pé, passando pelo tradicional túnel que fica embaixo do hotel Fairmont e pela clássica fechadíssima curva do Cassino. Aliás, dentro do túnel existe uma interessante loja de souvenirs que, claro, vende diversos produtos sobre a Fórmula 1. Monte Carlo é o lugar mais badalado de Mônaco. É lá também que fica o conhecido e luxuoso cassino, onde você paga 10 euros de entrada e durante a noite só pode entrar se estiver bem vestido. Em frente, há uma simpática praça com um agradável jardim para relaxar. E pelas ruas, um verdadeiro desfile de Ferrari, Porsche, Mercedes e outros carrões.
A outra área bastante turística é Monaco-Ville, a capital do país, onde fica o Palais Du Prince, sede do governo, palácio do Príncipe Albert II e da família Grimaldi. A cidade velha, no alto de uma colina, com construções medievais, também abriga a Catedral e o Museu Oceanográfico. Já em Fontvielle, do outro lado do morro, localiza-se o porto novo e o estádio de futebol do Mônaco, mas são poucos os atrativos.
Larvotto é a cidade/bairro onde fica a praia pública do principado, praia artificial construída com areia e pequenas pedrinhas às margens do Mar Mediterrâneo. O local não tem nenhuma beleza fora do normal, mas no verão fica lotado de moradores e turistas querendo aproveitar o calor. No caminho entre Monte Carlo e Larvotto fica o Grimaldi Forum, pavilhão que abriga diversos eventos, entre eles a premiação futebolística Golden Foot. Do lado de fora, há uma calçada da fama na qual estão gravados os pés de vários craques do mundo, entre eles vários brasileiros, como Ronaldo, vencedor do prêmio em 2006, Roberto Carlos, eleito em 2008, Ronaldinho Gaúcho, ganhador em 2009, além de Romário, Zico, Rivelino, Nilton Santos e Aldair.
Bom, passar um dia em Mônaco é suficiente para matar a curiosidade sobre o principado e conhecer as principais atrações, sem gastar muita grana. Para quem quiser desfrutar das demais extravagâncias do lugar, é melhor reservar mais tempo. E, certamente, mais dinheiro. Muito mais dinheiro.
Legendas: 1) Porto velho, em La Condamine, visto do alto de Monaco-Ville - 2) Curva do Cassino, ponto clássico do circuito de Fórmula 1 - 3)Túnel da F-1 sob o hotel Fairmont - 4) Cassino de Monte Carlo - 5) Praia de Larvotto
terça-feira, 5 de abril de 2011
Nice e Cannes: conheça o lado B e o mar azul da glamourosa Riviera Francesa sem gastar milhões
“Se eu fosse vocês não iria às principais boates daqui. Vocês vão gastar muita grana e só vão encontrar francesinhas e francesinhos metidos, isso se deixarem vocês entrarem. Precisa ir bem vestido e de sapato, e nunca um grupo só com homens, tem que ter mulher junto. Mas posso indicar outros lugares que vocês vão se divertir muito mais à noite e conhecer gente mais interessante”. Foi com esse discurso que o gerente do hostel que ficamos em Nice resumiu o conselho para a nossa estadia na Riviera Francesa, a glamourosa região litorânea do país. Conhecida por ser destino de gente endinheirada, a Cote D`Azur (Costa Azul) também tem o seu lado B. E é justamente sobre essa viagem no esquema mochileiro que vou escrever aqui, afinal não cheguei a conhecer de perto as baladas, os iates e as festas milionárias do balneário.
Estive em Nice, Cannes e Mônaco em agosto de 2010, junto com os amigos Bruno, Jadson e João, depois de já termos passado pela Croácia e por Roma nessa mesma viagem. A idéia era mesmo conhecer um dos lugares mais badalados do verão europeu, já sabendo das peculiaridades de lá. Gostei bastante, aliás, acho que é impossível não aproveitar uma trip com praia, sol e outros detalhes que o verão sempre oferece. Ficamos quatro noites em Nice, chegamos uma sexta-feira à noite e fomos embora na terça pela manhã. Pagamos 24 euros cada na diária do Hostel Pastoral, bem localizado, perto da estação de trem, e com boas acomodações. Tem também um espaço ao ar livre onde rola uma confraternização interessante com os demais viajantes. Ah, o descolado gerente do hostel, autor da frase do início do post e que deu várias dicas interessantes sobre a cidade, é francês mesmo, mas morou alguns meses no Brasil pra lutar jiu-jitsu.
Por ter opções um pouco mais baratas de acomodação e restaurantes, além de ser a segunda cidade turística da França (apenas atrás de Paris), Nice geralmente é a base para se explorar a Riviera. De lá, é fácil e rápido para se chegar a Cannes e Mônaco, ou até mesmo Saint-Tropez. Outra razão para isso é o fato de Nice contar com um aeroporto servido por voos das principais companhias aéreas europeias, incluindo as low-cost Ryanair e Easyjet.
Durante os dias de calor, o melhor programa é mesmo aproveitar o sol e o mar impressionantemente azul do Mediterrâneo. A praia central, de pedra, fica lotada durante os meses de verão e tem atrações em sua extensão, como caros restaurantes e bares, além de alguns esportes radicais, como parachute (aquela espécie de paraquedas puxada por um barco). A avenida beira-mar, a Promenade des Anglais (Passeio dos Ingleses), é um agradável lugar para se caminhar ou relaxar no fim de tarde. Um pouco mais afastado do centro, existem algumas outras praias, como a cidadezinha de Villefranche-sur-Mer, acessível de trem. Dentro de Nice, o melhor meio de transporte é o bonde elétrico, ou mesmo os seus pés. Outra boa pedida é uma subida no Chateau de Nice, a colina que separa o centro da cidade do porto, de onde rola uma bela vista.
Bem próximo à praia principal, fica o centro velho da cidade (Vieux Nice), região de ruazinhas estreitas onde se localizam alguns pontos de interesse, como a Cathédrale Ste-Réparate e os Museus de Arte Moderna e de Arte Contemporânea. Vários restaurantes típicos, bares e lojas também fazem a alegria dos visitantes por ali. Aliás, é no centro velho que fica o local que atrai a maioria dos viajantes interessados em festa à noite a um preço acessível. Wayne`s é o nome do pub com música ao vivo, que fica lotado de turistas e mesmo alguns franceses locais. Por ser bastante conhecido e não cobrar entrada, é recomendável chegar cedo para evitar ser barrado na porta.
Logo acima, fica a Place Massena, principal praça de Nice, que fica ao lado do Boulevard Jean Jaurés, decorado com fontes e jardins, lugares sempre movimentados durante o dia e a noite. Outras atrações procuradas da cidade são: os Museus Marc Chagall, Matisse, Massena e a Catedral ortodoxa Russa Saint-Nicolas.
Distante apenas 40 minutos de Nice, e com o ticket de trem a cerca de cinco euros, fica Cannes. Conhecida mundialmente pelo Festival de Cinema, a cidade litorânea francesa é ainda mais cara que a vizinha. Passei apenas algumas horas de uma manhã e tarde de domingo por lá, tempo suficiente para constatar que eu ainda preciso ganhar muito dinheiro para usufruir devidamente os atrativos do lugar.
Mesmo assim, valeu para conhecer a praia central (umas das poucas de areia na Riviera Francesa), que fica à frente do Boulevard La Croisette, e o Vieux Port, porto de parada dos gigantescos iates. A simples tarefa de ir à praia já demanda que você desembolse uma boa grana no centro Cannes. Com exceção da pequena faixa no canto direito, é necessário pagar para ficar na areia, já que o local é dominado por diversos bares/restaurantes que cobram pelo acesso, ocupando o espaço com mesas e cadeiras. Dali de perto, partem barcos para as Îles de Léris, duas pequenas ilhas localizadas logo à frente.
Claro, talvez o ponto mais famoso da cidade seja o Palais des Festivals et des Congrès, onde no mês de maio de todos os anos celebridades do cinema passam pelo tapete vermelho durante a entrega da tradicional premiação. Durante o verão, o local é usado como uma balada, onde DJs e outros famosos da música eletrônica e afins tocam todas as noites.
Como eu já disse no início, há formas completamente opostas de se explorar a Cote D`Azur. Vou ficar devendo aqui dicas de baladas, restaurantes, bares e praias mais “posh”, mais chiques, mas fica a experiência de ter aproveitado, e muito, o litoral da França de um jeito mais econômico, convivendo com a cultura local e conhecendo pessoas dos mais diferentes estilos, pessoas que também sabem aproveitar a vida independentemente de quanto dinheiro tenham no bolso.
No próximo post escreverei sobre Mônaco, o minúsculo, mas badalado principado, famoso pelas sinuosas ruas onde carros de Fórmula 1 aceleram por lá todos os anos...
Legendas: 1) Mar Mediterrâneo impressionantemente azul, na praia central de Nice, em frente ao Promenade des Anglais - 2) Praia central de Nice e suas belezas, com a colina Chateau de Nice ao fundo - 3) Place Massena, a principal praça de Nice - 4)Palais des Festivals et des Congrès, local onde acontece o Festival de Cinema de Cannes - 5) Canto de graça da praia central de Cannes, em frente ao Boulevard La Croisette
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